Próximos de Portas esperam poucas palavras sobre crise política no congresso

Líder do partido deverá convidar militantes ligados ao movimento que é seu crítico para integrar a comissão política.

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Paulo Portas Nuno Ferreira Santos

É esta a convicção dos mais próximos do líder do CDS sobre o que Portas dirá no XXV congresso do partido sobre a crise política do Verão passado. Mas será o futuro – e o pós-troika - que o líder do CDS pretende fazer sobressair. Portas é o candidato a líder assumido e terá o cargo conquistado, mas os seus críticos querem compromissos sobre questões como a reforma da Segurança Social.

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É esta a convicção dos mais próximos do líder do CDS sobre o que Portas dirá no XXV congresso do partido sobre a crise política do Verão passado. Mas será o futuro – e o pós-troika - que o líder do CDS pretende fazer sobressair. Portas é o candidato a líder assumido e terá o cargo conquistado, mas os seus críticos querem compromissos sobre questões como a reforma da Segurança Social.

Os congressistas esperam este fim-de-semana, em Oliveira do Bairro, algumas palavras sobre a demissão de Paulo Portas de ministro dos Negócios Estrangeiros, em Julho passado, o que desencadeou uma grave crise política na coligação. Mas quem espera uma explicação longa e detalhada ou sobre o que levou Portas a anunciar a decisão como “irrevogável” ficará desiludido.

“Alguma coisa direi sobre isso [a demissão]”, assegurou o líder do CDS, numa entrevista à Rádio Renascença, na passada terça-feira. Não aos microfones da rádio, mas aos congressistas. Das nove moções globais ao congresso só uma, a do Movimento Alternativa e Responsabilidade – corrente interna crítica de Portas –, fala na crise e para dizer que o Governo ficou mais coeso.

A ideia é partilhada pelo vice-primeiro-ministro e já o disse na mesma entrevista: “A reestruturação resultou num Governo com maior coesão política e num maior equilíbrio entre o económico e o financeiro”. Esta será uma das ideias que o líder do CDS deverá sublinhar, mais do que o que o levou a uma demissão que quase provocou a queda do Governo. Muito menos será um pedido de desculpas. “Não é o estilo dele”, assumem alguns centristas.

A palavra irrevogável também já foi desmistificada: “Irrevogáveis são os interesses permanentes de Portugal”, disse Portas esta semana.  

O antigo líder do CDS, Ribeiro e Castro, que não deverá ir ao congresso de Oliveira do Bairro, não acredita que Paulo Portas dê muitas explicações sobre a decisão de Julho, porque se as houvesse já tinham sido apresentadas. Além de um balanço de medidas tomadas pelo Governo (e são 30 as enunciadas na moção), o vice-primeiro-ministro quererá fazer sobressair o fim do programa de assistência financeira, em Maio, e sublinhar o crescimento económico.

A moção global que apresenta ao congresso, reciclada e sem uma única palavra sobre a crise política, já é um guia para o discurso. “As prioridades do CDS devem ser três: terminar o programa com a troika no prazo previsto; consolidar a recuperação económica; incentivar a reforma do Estado, em clima de concertação social e negociação política, num tempo em que Portugal já terá maior liberdade para escolher as suas políticas públicas autonomamente, tendo em atenção a sustentabilidade e a eficiência da despesa, lê-se na moção que, em conjunto com todas as outras, será votada na madrugada para domingo.

Na estratégia para o partido, Paulo Portas deverá convidar militantes ligados ao Movimento Alternativa e Responsabilidade (MAR), corrente crítica da direcção, para integrarem as listas para aquele órgão além de outros quadros do partido, apurou o PÚBLICO. Actualmente só um subscritor da moção do MAR, Pedro Pestana Bastos, faz parte da comissão política. Filipe Anacoreta Correia, o rosto do MAR, garante que a disponibilidade é “para compromissos, não para lugares. Se alguém aceitar [integrar listas da direcção] será a título pessoal”.

Além de dados de economia e de uma palavra sobre o agravamento dos cortes nas pensões, as intervenções de Portas apontam para as reformas num horizonte pós-troika. Um momento que, como assumiu esta semana “será mais fácil” fazê-las. O mesmo timing para as reformas – aproveitando os fundos comunitários para 2020 -  foi defendido pelo primeiro-ministro, Passos Coelho, quando apresentou na passada quinta-feira a sua candidatura a líder do PSD e a primeiro-ministro.

Passos Coelho – que estará na primeira fila, no encerramento do congresso do CDS, no domingo – apagou do seu discurso de candidatura qualquer referência sobre reformas mais imediatas como a dos sistemas de Segurança Social ou até a suavização fiscal até ao fim da legislatura.

Baixar os impostos em 2015 é um ponto essencial que Portas coloca em cima da mesa para o ano das legislativas. Eleições em que o líder do CDS ainda não se quer comprometer já com uma coligação com o PSD.