No Universo dos primórdios, o Hubble vislumbrou galáxias superténues e superdistantes
O telescópio espacial Hubble conseguiu vislumbrar galáxias que até agora tinham permanecido “invisíveis” e que se pensa terem sido as principais incubadoras de estrelas quando o Universo era ainda muito jovem.
As imagens – que abonam a favor da hipótese de longa data segundo a qual, nos primórdios do Universo, terá sido uma multidão de pequenas galáxias a dar origem à maior parte das estrelas –, foram apresentadas em Washington, DC, durante uma conferência da Sociedade Astronómica Americana. Os resultados vão ser publicados no próximo sábado na revista Astrophysical Journal.
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As imagens – que abonam a favor da hipótese de longa data segundo a qual, nos primórdios do Universo, terá sido uma multidão de pequenas galáxias a dar origem à maior parte das estrelas –, foram apresentadas em Washington, DC, durante uma conferência da Sociedade Astronómica Americana. Os resultados vão ser publicados no próximo sábado na revista Astrophysical Journal.
Estas galáxias – 58 ao todo – são, de facto, as mais diminutas e mais ténues jamais vislumbradas no Universo remoto. Foram “capturadas” por uma equipa de astrónomos liderados por Brian Siana, da Universidade de Califórnia (EUA), utilizando uma das câmaras do Hubble em luz ultravioleta, explica um comunicado daquela universidade.
Para encontrar estas galáxias, o telescópio espacial tirou partido do fenómeno, dito de “lente gravitacional”, em que um gigantesco aglomerado de galáxias curva a luz que o atravessa, vinda de objectos mais distantes, aumentado a luminosidade desses objectos e esticando a sua imagem. Neste caso, a “lupa" cósmica foi um aglomerado designado Abell 1689, situado na constelação da Virgem a cerca de 2200 milhões de anos-luz de nós.
“Sempre se pensou que só estávamos a ver as galáxias distantes mais brilhantes, mas que essas galáxias eram apenas a ponta do icebergue e que a maior parte das estrelas formadas nos primeiros tempos do Universo tinha nascido no seio de galáxias que não conseguíamos ver”, diz Siana, citado no mesmo documento. “Agora, encontrámos essas galáxias ‘invisíveis’ e acreditamos que estamos mesmo a ver o resto do icebergue.”
Se a amostra agora observada for representativa da população total de galáxias muito pequenas e ténues que existiam naquela remota era do cosmos – durante o auge da formação de estrelas, que se pensa ter sido há 9000 a 12.000 milhões de anos –, a maioria das novas estrelas ter-se-á efectivamente formado nessas galáxias. Isto porque, apesar de serem muito pequenas e 100 vezes menos luminosas do que as galáxias mais maciças, elas serão, segundo os autores, 100 vezes mais numerosas.