Andas sempre no Facebook…
Mais de um terço da vida de muito pessoal passa-se no Facebook. Porque temos de o usar… em trabalho
Em especial, a malta que trabalha em comunicação perceber-me-á. Outros hão-de achar que isto é só uma desculpa qualquer para andar a curtir em vez de andar a fazer alguma coisa um pedacinho mais útil. Mas sim, mais de um terço da vida de muito pessoal passa-se no Facebook. Porque temos de o usar… em trabalho.
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Em especial, a malta que trabalha em comunicação perceber-me-á. Outros hão-de achar que isto é só uma desculpa qualquer para andar a curtir em vez de andar a fazer alguma coisa um pedacinho mais útil. Mas sim, mais de um terço da vida de muito pessoal passa-se no Facebook. Porque temos de o usar… em trabalho.
Há já alguns anos, um amigo disse-me que os jornalistas tinham aquilo a que ele chamava de “boa vidinha”, logo a começar pelo facto de lerem muitos jornais. “Andam sempre na calma, a ler textos atrás de textos”, dizia, “fazem muito pouca coisa para as horas que dizem trabalhar”. Não podia estar mais enganado. A questão é simplesmente esta: como poderia um mecânico mexer em motores sem antes saber o que lá está? Como poderia um taxista andar na estrada sem ter estudado, prática ou teoricamente, os rumos a tomar? Como poderia um escritor encher uma página sem antes ter lido alguma da mais extraordinária literatura que o Homem produziu ao longo dos últimos séculos?
Estar “sempre” no Facebook é uma vantagem inegável e sem precedentes para se estar informado. O Facebook, como qualquer outra rede social, se bem utilizado, é um jornal personalizado. Se ainda não repararam, quando fazem “like” numa página, têm notícias de borla e sem grande esforço. Poupam-se horas estando no mural em vez de andar a visitar os sites dos quase dois mil gostos que já fiz. Dois mil sites por dia, dará sequer para imaginar?
Além disso, é das formas mais rápidas de chegar a alguém. É quase mais fácil ter atenção por mensagem privada do que através de telefonema, acreditem em mim. Já para não dizer que gerir uma página exige que por lá se ande com bastante frequência.
Parece ainda permanecer a ideia tacanha segundo a qual as redes sociais e outro género de aplicações informáticas servem apenas para lazer. Nada mais errado. Antes de mais, há que ter consciência de que o lazer de uns existe exclusivamente porque há quem faça dessa “boa vidinha” o seu trabalho. Não fossem os anos e anos de dedicação e não teríamos um único concerto, um único filme, um único livro com que nos regozijar. A vida seria cinzenta.
Mas a questão vai para além disso: não fossem as horas e horas investidas a ler jornais, a pesquisar sites e a visitar Facebooks e Twitters, e o conteúdo dos jornais e da comunicação que por aí se faz não seria tão boa. Porque sim: vê-se aí muita coisa má, mas vê-se também tanta e tanta qualidade que só os ignorantes não dão conta dela.
Os mais críticos poderão dizer que nem sempre os jornalistas são correctos ou isentos ou dão a informação que mais se quer ou precisa. A contestação tem toda a razão de ser, embora se prenda com idiossincrasias bem mais complexas que esta.
O Facebook, felizmente, é bem mais que um palco improvisado para comediantes de meia tigela. Quem passa a vida no Facebook não o faz, salvo especiais excepções, por puro lazer. Há muito melhor que fazer do que ler frases cliché em português do Brasil ou ver fotos do sushi fashion hashtag OMG que já se tornaram mais banais que pão com manteiga.
Portanto, a quem pergunta: sim, ando sempre no Facebook. Eu e uma catrefada de gente. Mas sabem que mais? Estamos todos a trabalhar.