Marginal da Foz do Porto vai estar fechada até ao final do dia

Instituto Português do Mar e da Atmosfera baixou aviso de vermelho para laranja mas autoridades mantêm pedidos de precaução, apesar da noite mais calma. Perímetros de segurança foram alargados em algumas zonas para manter curiosos afastados.

Fotogaleria

Os trabalhos estão a incidir sobretudo na zona da praia da Ourigo, onde se concentram muitos detritos, a maior parte de madeira. Segundo disse à Lusa o comandante da Policia Municipal, Leitão da Silva, o trânsito na marginal apenas será reaberto ao final do dia. A ondulação do mar continua muito forte, mas esta manhã já era possível ver o areal. No local continuam dezenas de curiosos atrás da barreira de segurança colocada pela autarquia a observar os trabalhos de remoção de lixo.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Os trabalhos estão a incidir sobretudo na zona da praia da Ourigo, onde se concentram muitos detritos, a maior parte de madeira. Segundo disse à Lusa o comandante da Policia Municipal, Leitão da Silva, o trânsito na marginal apenas será reaberto ao final do dia. A ondulação do mar continua muito forte, mas esta manhã já era possível ver o areal. No local continuam dezenas de curiosos atrás da barreira de segurança colocada pela autarquia a observar os trabalhos de remoção de lixo.

No distrito do Porto, o Centro Distrital de Operações de Socorro disse à Lusa que não há registo de danos causados pelo mau tempo e pela forte ondulação do mar durante a madrugada mas, por precaução, mantêm-se encerradas ao trânsito várias vias da orla costeira nas zonas do Porto e Matosinhos.

Os alertas e avisos da Autoridade Nacional de Protecção Civil e do Instituto Português do Mar e da Atmosfera mantêm-se para esta terça-feira, sobretudo devido à agitação marítima e forte chuva, ainda que tenham sido reduzidos, já que a última noite foi mais calma, depois de na segunda-feira duas ondas gigantes terem varrido automóveis e ferido sem gravidade quatro pessoas na Foz do Douro, no Porto. Um pouco por todo o país foram vários os casos em que o mar galgou as margens e provocou estragos.

O Instituto Hidrográfico diz, contudo, que a agitação marítima pode voltar a Portugal dentro de sete dias, devido à formação de vários sistemas frontais ao largo do Canadá, disse à Lusa o comandante Santos Martinho. “Prevemos uma diminuição da agitação marítima. Ao longo do dia de hoje a altura significativa das ondas vai descer dos 8 para os 4,5 metros cerca da meia-noite. Quarta-feira desce para os 3 metros e quinta-feira para os dois. Contudo está a formar-se um sistema frontal que ainda se encontra sobre a margem continental do Canadá e Estados Unidos devendo depois deslocar-se para leste”, explicou.

Segundo disse ao PÚBLICO na manhã desta terça-feira fonte do Comando Nacional de Operações de Socorro da Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC), durante a madrugada não foram registados incidentes relevantes, sendo que nas zonas mais preocupantes as autoridades alargaram os perímetros de segurança para evitar que as pessoas se aproximem do mar — visto que ontem muitas das barreiras não foram respeitadas. O próprio Instituto Português do Mar e da Atmosfera baixou o aviso vermelho que pintava a costa portuguesa para laranja (o segundo menos grave). Ainda assim, há zonas onde as ondas podem atingir os 11 metros.

Mesmo assim, duas embarcações e um restaurante sofreram danos durante a noite em Vila Nova de Milfontes, concelho de Odemira, e uma embarcação ficou destruída em Porto Covo, concelho de Sines, segundo disseram à agência Lusa fontes dos bombeiros. Várias embarcações ficaram também danificadas na marina de recreio de Peniche, assim como a estrutura de acesso terrestre e vários passadiços, devido ao estado agitado do mar, informou também à Lusa o comandante da Capitania local.

Três desaparecidos na Galiza
Em Espanha, na Galiza, três pessoas foram dadas como desaparecidas na segunda-feira, depois de terem sido arrastadas por uma onda durante uma violenta tempestade na região, relata a Lusa. Os desaparecidos passeavam na costa de Valdovino, na região da Corunha, quando foram arrastados pelo mar.

Na segunda-feira, em Portugal, o dia ficou marcado por duas ondas gigantes entre o molhe-norte do Douro e o Passeio Alegre, entre a Esplanada do Castelo e a Rua de D. Carlos I, pouco depois das 16h, que arrastaram carros e feriram quatro pessoas, umas por escoriações, outras por hipotermia. O mar continuou a galgar os muros da marginal e a chegar à mesma zona, ainda que com menos força.


Com o alerta vermelho a situação já era prevista mas o comandante Raul Risso, oficial adjunto da Capitania do Douro, explicou ao PÚBLICO que as pessoas não terão levado as recomendações a sério, pelo que agora foi aumentado o perímetro de segurança. Nos vizinhos infantário e centro de dia do Centro Social da Foz do Douro, os idosos foram retirados por precaução para a 15.ª Esquadra da PSP do Porto e os pais foram chamados para ir buscar as crianças.

O conhecido Restaurante Shis, na praia do Ourigo, também foi violentamente fustigado pelas ondas. O pessoal do restaurante trouxe mesas, pratos e copos para a estrada, a uma cota superior - mas na manha desta terça-feira foram confirmados os estragos.

Mais a norte, a marginal urbana da Póvoa de Varzim foi encerrada ao trânsito às 16h, depois de o mar galgar a linha de costa e causar danos em, pelo menos, três estabelecimentos comerciais da Avenida dos Banhos. No concelho de Matosinhos, o trânsito na zona marginal de Perafita foi cortado perto das 18h, uma vez que a água do mar chegou à estrada.

No concelho de Almada, segundo confirmou ao PÚBLICO um empregado de um café na praia do CDS, na Costa da Caparica, a forte ondulação levou as autoridades a decretar, a meio da tarde, o fecho de todos os estabelecimentos comerciais junto ao mar.

Em comunicado, a Marinha informou que, “devido às condições meteorológicas adversas, a Capitania do Porto de Lisboa interditou a circulação de pessoas no paredão da frente urbana da Costa da Caparica, desde São João da Caparica até à Nova Praia”. As imagens foram registadas por vários curiosos, alguns dos quais também surpreendidos pelas ondas.

Câmara de Sintra estima “milhares de euros de prejuízos”
O presidente da Câmara de Sintra, Basílio Horta (PS), que visitava a praia Grande, diz que "o retrato é preocupante", devido a "uma noite tremenda, quer na costa quer em alguns sítios fora da costa, nomeadamente no Cacém", e adianta que os estragos que vão custar à autarquia "largos milhares de euros de prejuízos".

Na praia Grande, os bancos de pedra foram arrancados pelo mar forte, assim como pedregulhos do muro de suporte, e os balneários também foram afectados, disse, destacando que, "agora, o que importa é limpar o que está intransitável e reconstruir o que foi destruído". "Vamos dar apoio aos comerciantes que foram afectados. Vamos estudar uma isenção de taxas durante um período determinado e inclusivamente vamos pôr máquinas nossas para ajudar", declarou.

A "isenção do pagamento de taxas, licenças e impostos a todos os comerciantes que foram afectados quer no litoral do concelho quer na zona urbana onde ocorreram problemas" já em 2014 foi proposta pelos vereadores do movimento independente "Sintrenses com Marco Almeida" ao presidente da câmara.

Danos na Ericeira
Um bar de praia e dois restaurantes da Ericeira, Mafra, sofreram danos significativos depois de terem sido atingidos pelas ondas durante a madrugada, informou o comandante da Protecção Civil municipal. O bar da praia do Algodio e o primeiro piso do restaurante da praia Sul "ficaram muito danificados" pelo mar, disse à agência Lusa Miguel Oliveira.

O mar destruiu vidros e causou estragos no mobiliário interior dos estabelecimentos, à semelhança do que aconteceu na sede do Clube Naval da Ericeira e no restaurante existente no primeiro piso do clube, na praia dos Pescadores. Aí, cerca de dez embarcações de pesca e recreio ficaram com danos, que estão ainda por calcular, deixando prejuízos estimados em milhares de euros à comunidade piscatória, segundo alguns pescadores. No hotel Vila Galé, o mar entrou na zona de lazer, sobretudo na piscina, obrigando a unidade a restringir o acesso dos hóspedes a esses espaços.

A Protecção Civil municipal mantém interdito o acesso às praias da Calada, São Lourenço, Algodio, Sul, Pescadores e de São Julião, para evitar que as pessoas se aproximem da orla costeira.

Imprudência podia ter acabado mal
A forte agitação marítima causou na segunda-feira problemas também um pouco por todo o litoral. Os Bombeiros Voluntários de Ovar tiveram que encaminhar para o hospital da Feira um homem que, por "andar a ver o panorama" da agitação marítima na praia do Furadouro, foi derrubado por uma onda e sofreu ferimentos ligeiros.

Segundo revelou à Lusa o comandante da cooperação, Carlos Borges, em causa está um homem de 43 anos com "ferimentos simples como arranhões e pisaduras por causa do embate contra uma pedra", que se verificou por volta das 18h30. "Não foi nada de grave, mas só por sorte", garantiu o responsável. "As pessoas andam ali na marginal a ver o panorama e não percebem que, além do risco que correm, ainda nos dificultam mais a vida a nós", realçou o bombeiro.

Para o adjunto do comando José Paulo Marques, há ainda duas outras agravantes: que esta negligência se verifique por parte de adultos que "já tinham idade para ter juízo" e que a situação se verifique nas zonas em que a circulação de pessoas já está interdita. "Andámos nós a criar ali uma zona de interdição para depois ninguém lhe ligar nenhuma", desabafou o bombeiro. "Agora há um que leva um susto, mas daqui a uns dias já ninguém se lembra, voltam a fazer o mesmo e depois, se um dia destes o mar os levar, já não vão a tempo de aprender", concluiu.

Outro sinal de que ainda há quem negligencia o perigo representado pelo mar por estes dias é o facto de as autoridades marítimas terem socorrido nesta segunda-feira 12 jovens na praia de Quarteira, que se fizeram ao mar apesar da forte ondulação sentida no Algarve, disse o chefe do departamento marítimo do sul. "Apesar de as condições marítimas no Algarve não serem tão más como na costa oeste, as pessoas devem medir o risco e afastar-se da água. Ainda esta tarde foram retirados 12 adolescentes do mar, em Quarteira, que foram tomar banho apesar da forte ondulação, e um deles quase ficava lá", advertiu.

Governo em Ovar para avaliar estragos
A Câmara de Ovar também anunciou já nesta terça-feira que o ministro do Ordenamento e o secretário de Estado do Ambiente estarão na quarta-feira no concelho para averiguarem os estragos causados pelo mau tempo e equacionarem medidas de urgência no Furadouro.

O presidente da Câmara, Salvador Malheiro, admitiu à Lusa que os prejuízos na costa de Ovar foram avultados e ainda estão a ser contabilizados, mas garante que "as autoridades superiores já foram sensibilizadas para a gravidade da situação" no concelho - onde há outras zonas ameaçadas, como a floresta de Maceda, mas os riscos são maiores em Cortegaça e na praia do Furadouro, onde vivem cerca de 2000 pessoas.

A forte ondulação marítima que se faz sentir no Algarve provocou também estragos num bar e fez soltar-se um apoio do molhe norte da entrada da marina de Portimão, disse à Lusa o capitão do porto.

Onda arrasta quatro carros na Foz do Arelho
Também na Avenida do Mar da Foz do Arelho, concelho das Caldas da Rainha, uma onda de grandes dimensões arrastou quatro carros. Os bares na zona foram encerrados e o trânsito cortado, informaram os bombeiros.

Na Praia Grande, concelho de Sintra, a avenida marginal chegou a estar cortada ao trânsito, depois de o mar ter invadido esta artéria, tornando-a “intransitável”. Segundo a assessoria de imprensa da câmara municipal, a situação foi semelhante na vizinha Praia das Maçãs, onde o mar também chegou à estrada, devido à forte ondulação.