Portugueses à conquista do deserto
Rumo a esta grande aventura (Rali Dakar) partem 13 portugueses. Todos eles vão com ganas e ambição
O título da crónica pode sugerir ao leitor, à partida, distintas interpretações. Mas vou cingir-me à mais literal e imediata: o Rali Dakar, a mais dura prova do desporto automóvel mundial, que começa já neste domingo. E se juntarmos uma competição já de si espectacular a um pelotão maior de portugueses (alguns candidatos à vitória), então temos todos os motivos para ficarmos atentos à edição de 2014.
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O título da crónica pode sugerir ao leitor, à partida, distintas interpretações. Mas vou cingir-me à mais literal e imediata: o Rali Dakar, a mais dura prova do desporto automóvel mundial, que começa já neste domingo. E se juntarmos uma competição já de si espectacular a um pelotão maior de portugueses (alguns candidatos à vitória), então temos todos os motivos para ficarmos atentos à edição de 2014.
Rumo a esta grande aventura partem 13 portugueses. Todos eles vão com ganas e ambição, mas as grandes esperanças de Portugal estão depositadas em três experientes pilotos de motos com provas dadas: Ruben Faria (na foto), segundo classificado no Dakar de 2013; Hélder Rodrigues, terceiro classificado nas edições de 2011 e 2012; Paulo Gonçalves, o recente campeão mundial de todo o terreno em duas rodas. Estou também curioso para saber se Carlos Sousa e Miguel Ramalho vão conseguir lutar por um lugar entre os dez primeiros nos carros, depois de terem sido sextos em 2013.
Além destes, não quero deixar de mencionar os restantes descendentes de Luso que vão enfrentar os desertos traiçoeiros, as rochas, o pó e o calor abrasador. São eles Mário Patrão, Pedro Bianchi Prata, Pedro Oliveira e Victor Oliveira (nas motas); Francisco Pita, Humberto Gonçalves, Paulo Fiúza e Filipe Palmeiro (nos carros). Desejo a todos o melhor, prevendo que vão surgir dificuldades e sabendo que a navegação é tão ou mais importante que a velocidade numa prova longa como esta.
Para frustração dos mais “puristas”, o Dakar volta a realizar-se na América do Sul e não em África, mas o magnetismo da prova continua inabalável. Durante as duas semanas de aventura, os canais de desporto pelo mundo inteiro vão desdobrar-se em transmissões directas e resumos, as redes sociais vão encher-se de notícias, as procuras de conteúdos e as audiências vão subir em flecha, o investimento em publicidade vai disparar. O crescente profissionalismo e os meios de topo do evento são indissociáveis ao mediatismo do Dakar.
O espectáculo, esse, continua garantido: 458 equipas em competição; máquinas potentes; paisagens de fazer cair o queixo (que nos são trazidas com técnicas de filmagem soberbas); emoção e incerteza de início a fim; a alegria e a paixão dos latino-americanos; a destreza e o talento dos pilotos e navegadores mais consagrados; a coragem e a determinação daqueles menos experientes... Enfim, há uma série de factores que têm feito do Dakar uma prova mítica.
Nesta edição, os participantes vão enfrentar um dos percursos mais longos e duros de sempre, desafiando as capacidades do seu corpo e mente. A concorrência dos portugueses é, em geral, forte e mais experimentada nestas bandas. Ainda assim, tenho a convicção de que as cores nacionais vão ser bem representadas e espero que o Ruben Faria, o Hélder Rodrigues e o Paulo Gonçalves possam ser os três primeiros a chegar à meta vindos do deserto. À semelhança, curiosamente, do que aconteceu com os três Reis Magos, com ajuda de orientação divina.