As famílias LGBT estão aqui e por toda a Lisboa
Até 14 de Janeiro, os mupis e ecrãs de Lisboa vão contar a história de várias famílias arco-íris. Projecto "famílias, aqui" quer dar visibilidade à parentalidade LGBT
Há dois anos, a fotógrafa Ana Nunes da Silva e a jornalista Ana Clotilde Correia estavam à procura de famílias arco-íris. Encontraram-nas. A história destes casais homossexuais com filhos — sinédoque de muitos outros — vai ser contada de 16 a 28 de Janeiro nos mupis da Câmara Municipal de Lisboa e nos ecrãs da Associação de Turismo de Lisboa.
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Há dois anos, a fotógrafa Ana Nunes da Silva e a jornalista Ana Clotilde Correia estavam à procura de famílias arco-íris. Encontraram-nas. A história destes casais homossexuais com filhos — sinédoque de muitos outros — vai ser contada de 16 a 28 de Janeiro nos mupis da Câmara Municipal de Lisboa e nos ecrãs da Associação de Turismo de Lisboa.
Com o apoio da ILGA Portugal, o projecto "famílias, aqui" retratou o quotidiano de oito famílias com a missão de levantar o véu que paira sobre a parentalidade LGBT, como contou em 2012 ao P3 Ana Clotilde: “Nestes casos a visibilidade é muito importante. As pessoas partem do princípio de que este tipo de famílias não existem. E nem sequer o estão a fazer de uma forma preconceituosa. É mais uma questão de desconhecimento. Em contacto com a realidade, a esmagadora maioria muda por completo de opinião”.
Em Portugal, lembra a ILGA, os casais do mesmo sexo têm acesso à união de facto desde 2001 e ao casamento desde 2010, mas, no que respeita à adopção, "não existe ainda qualquer reconhecimento da parentalidade exercida por estes casais". Um homossexual só pode candidatar-se à adopção individualmente, nunca em casal. Também as técnicas de reprodução medicamente assistida não estão acessíveis a mulheres solteiras e a casais de lésbicas.
Depois de em Maio do ano passado ter sido aprovado na generalidade o projecto-lei que permite a co-adopção de crianças por casais homossexuais, que estenderia o vínculo da parentalidade para o cônjuge, está agora a ser discutida a realização de um referendo sobre a questão. Um projecto "obviamente não sério e meramente dilatório", censura, em comunicado, o presidente da ILGA Portugal, Paulo Côrte-Real. É neste contexto, diz, que "Lisboa é a cidade aberta que expõe a diversidade das famílias ainda amputadas nos seus direitos".
A exposição de que Ana Nunes e Ana Clotilde falavam em 2012 consuma-se, assim, na rua. Quanto ao possível livro, continua tudo em aberto. Para já, os posters vão estar espalhados por Lisboa — oito imagens, oito histórias que bebem da mesma frase, repetida em todos eles: "À margem de um ordenamento jurídico que as devia proteger, nascem e crescem famílias com duas mães, dois pais, uma mãe, um pai."
Artigo actualizado às 17h05 de 9 de Janeiro. Os cartazes foram substituídos por mupis do Eusébio, por isso só estarão nas ruas de 15 a 28 de Janeiro.