Nos Estados Unidos, ser escuteiro e gay é O.K.

A partir de 1 de Janeiro, a centenária Boy Scouts of America passa a admitir escuteiros homossexuais. Apesar da nova política, a organização continuará a excluir adultos homossexuais de posições de chefia.

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A Boy Scouts of America vai se rmais inclusiva política mais inclusiva, mas proíbe os escuteiros de usarem a sua farda em causas políticas ou sociais - como, por exemplo, uma parada de orgulho gay Olivier Douliery/Abaca Press/MCT

A nova política vem culminar o que foi um ano histórico para o avanço dos direitos dos gays nos Estados Unidos — para além do acórdão do Supremo Tribunal, que considerou inconstitucional uma lei federal que impedia cidadãos homossexuais de terem os mesmos benefícios (isenções fiscais, pensões, etc.) que cidadãos heterossexuais, em 2013 o número de estados que legalizaram o casamento gay aumentou de dez para 18.

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A nova política vem culminar o que foi um ano histórico para o avanço dos direitos dos gays nos Estados Unidos — para além do acórdão do Supremo Tribunal, que considerou inconstitucional uma lei federal que impedia cidadãos homossexuais de terem os mesmos benefícios (isenções fiscais, pensões, etc.) que cidadãos heterossexuais, em 2013 o número de estados que legalizaram o casamento gay aumentou de dez para 18.

A decisão da Boy Scouts of America (BSA) foi aprovada em Maio, com 60% de votos favoráveis dos 1400 membros do Conselho Nacional daquela organização, despoletando um tenso debate nacional. Algumas igrejas, que apoiavam ou deixavam os grupos de escuteiros locais usar os seus serviços, cortaram os laços que mantinham há muito com essas unidades por causa da nova política. Alguns escuteiros que se opõem à mudança de estatutos abandonaram a BSA. Uma organização alternativa, com uma forte influência religiosa, foi formada no rescaldo da votação para acolher ex-elementos da BSA. A Trail Life USA começa a funcionar no dia 1 de Janeiro, quando a nova política de admissão da BSA entra em vigor. Mas este grupo não admitirá jovens homossexuais, disse à NBC News o seu director, um antigo chefe de escuteiros da BSA, John Stemberger.

Política nova, novas regras
Segundo a Associated Press, numa tentativa de tornar a transição o mais suave possível e antecipar algumas das preocupações ou objecções que podem ser levantadas pelas famílias — ou pelos próprios escuteiros —, a BSA divulgou um documento extenso sob a forma de perguntas e respostas a propósito da nova prática. As questões abordadas vão do activismo gay à partilha de balneários e tendas. Entre as regras estabelecidas pela nova política está a proibição de os escuteiros usarem a sua farda em acções políticas e sociais (como, por exemplo, uma parada de orgulho gay).

“Um jovem elemento é livre de anunciar a sua preferência sexual, mas isso não deve transformar-se numa distracção, o que pode incluir a defesa, promoção ou a distribuição de informação com uma natureza sexual”, diz o documento.

No que diz respeito a balneários, a BSA recomendou que os seus agrupamentos ofereçam maior privacidade individual, a começar pelo abandono da tradição de duches colectivos. “Os chefes adultos têm a autoridade para organizar horas e equipamento para duches privados”, diz a BSA. A organização nota ainda que “se um escuteiro ou os pais de um escuteiro requisitarem que ele não partilhe a mesma tenda com outro escuteiro, os seus desejos devem ser honrados”.

Apesar da nova política, a BSA continuará a excluir adultos homossexuais de posições de chefia. Em Abril de 2012, Jennifer Tyrrell foi expulsa do grupo de lobitos que integrava o seu filho, e o qual dirigia, no Ohio — a nova política não vai mudar nada em relação ao seu caso. Desde então, Tyrrell tornou-se no rosto de uma campanha apoiada por organizações gay e celebridades como Madonna apelando ao fim dessa política discriminatória na BSA.

Existem cerca de um milhão de dirigentes adultos e 2,6 milhões de jovens escuteiros nos Estados Unidos.

A BSA espera que a nova política seja um não-acontecimento, comparável ao pânico infundado da véspera do ano 2000, quando se previu que o chamado “bug do milénio” iria lançar os sistemas informatizados — e o mundo — no caos. “A minha esperança é que tenha o mesmo efeito a 1 de Janeiro que teve o pânico do Y2K”, disse à Associated Press Brad Haddock, um membro da direcção da BSA que preside ao comité de implementação da medida. “Que seja um dia como outro qualquer, em que não acontece nada, para podermos continuar com as nossas vidas.”