Demissão de Paulo Ferreira apenas "peca por tardia", diz comissão de trabalhadores da RTP
"A demissão de Paulo Ferreira era esperada, porque alguém que perde a confiança da sua redação tem que sair e só peca por tardia", disse à agência Lusa Camilo Azevedo, da comissão de trabalhadores da RTP, numa alusão ao plenário de jornalistas que em Outubro determinou a perda de confiança na direcção de informação.
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"A demissão de Paulo Ferreira era esperada, porque alguém que perde a confiança da sua redação tem que sair e só peca por tardia", disse à agência Lusa Camilo Azevedo, da comissão de trabalhadores da RTP, numa alusão ao plenário de jornalistas que em Outubro determinou a perda de confiança na direcção de informação.
A demissão de Paulo Ferreira do cargo de director de informação da RTP foi conhecida na sexta-feira à noite, tendo sido nomeado em sua substituição o jornalista José Manuel Portugal, que aguarda agora o parecer da Entidade Reguladora para a Comunicação Social para poder assumir o cargo.
Para Camilo Azevedo, esta nova nomeação não dá garantias de "desgovernamentalização" da televisão pública anunciadas pelo ministro da tutela, Poiares Maduro.
"Não vemos sinais (...) de desgovernamentalização. Não vemos nesta nomeação o rumo que era necessário a RTP tomar. Continua o desnorte absoluto na empresa. Isto é contrário à estratégia de desgovernamentalização", disse.
Para Camilo Azevedo, depois dos vários episódios na RTP, era agora preciso uma "liderança forte, coesa, consensual, desgovernamentalizada e fora de qualquer grupo e isso não sucede", sublinhou.
Camilo Azevedo reforçou que o "problema fundamental" da RTP são as lideranças, acrescentando que com "estas lideranças não há futuro” para a televisão pública.
Em Outubro, a redação da RTP-TV determinou, em plenário, a perda de confiança na direcção de informação, por esta ter aceitado participar no processo de avaliação para a elaboração de listas de jornalistas a colocar na mobilidade.
A direcção de informação da RTP-TV garantiu na altura que o processo de avaliação lançado na empresa não tinha como objectivo a elaboração de qualquer "lista" para despedimentos.
Em Novembro, os sindicatos afectos à RTP pediram a demissão de Paulo Ferreira por causa de declarações sobre o processo de rescisões voluntárias na empresa, que consideram violar "o código de ética".
O então director, em declarações reproduzidas no Dinheiro Vivo, disse que os trabalhadores da RTP que rescindiram voluntariamente eram as pessoas "mais talentosas", enquanto as que ficam "acabam por ser, muitas vezes, as menos capazes".
Paulo Ferreira disse na sexta-feira que abandona o cargo de director de informação devido a uma "decisão pessoal" que resulta de uma leitura sobre o que "melhor defende os interesses gerais da RTP" e da informação da estação.
A administração da RTP, que aceitou a demissão, declarou, por seu turno, que convidou José Manuel Portugal para o cargo de director de informação da estação.