Editorial: Riscos crescentes na Ásia
A China e a Coreia do Sul reagiram com indignação à visita, que reacende os fantasmas da II Guerra Mundial. Washington declarou-se desapontada com a deslocação, que torna mais difíceis as suas escolhas numa região que elegeu como a principal prioridade da sua política externa.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
A China e a Coreia do Sul reagiram com indignação à visita, que reacende os fantasmas da II Guerra Mundial. Washington declarou-se desapontada com a deslocação, que torna mais difíceis as suas escolhas numa região que elegeu como a principal prioridade da sua política externa.
Com este gesto, Abe disse que o Japão está um pouco mais perto de alterar a sua Constituição para poder remilitarizar-se. É uma opção que ganha cada vez mais peso no Japão, dado o crescente aumento das despesas militares da China. Ao satisfazer os revisionistas japoneses, que não aceitam a narrativa aliada quanto ao papel do Japão no conflito de 1939-45, Abe dá também força aos nacionalistas mais radicais do lado chinês.
O maior travão a este crescendo é que tanto a China como o Japão precisam de manter boas relações com os Estados Unidos. E, para Washington, o risco é deixar-se envolver neste conflito entre as duas principais potências asiáticas e perder espaço de manobra para impor os seus interesses estratégicos.
O problema é que a zona do mundo onde a economia cresce mais depressa está a afastar-se de um modelo de cooperação regional capaz de acomodar as diferenças entre os seus actores e a aproximar-se de um modelo baseado na gestão de conflitos através da ameaça e da permanência das tensões militares. Os riscos deste jogo para a estabilidade mundial a médio e a longo prazo são enormes.