Lixo vai fazer parte da paisagem de Lisboa durante os próximos dias

Câmara diz que está canalizar os serviços mínimos para as zonas "prioritárias". A greve dos trabalhadores da limpeza urbana dura até 5 de Janeiro.

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Os cantoneiros e os motoristas dos serviços de limpeza da Câmara de Lisboa estão em greve desde terça-feira e, apesar de a autarquia ter apelado aos lisboetas que guardassem o lixo deste Natal em casa, muitos ignoraram o pedido. Nas zonas residenciais não faltam caixotes a abarrotar de sacos à porta dos prédios, em torno das árvores ou simplesmente atirados ao chão pela força do vento que soprou nos últimos dois dias. Os sacos de lixo largados à mercê dos animais, nos passeios, nas esquinas ou encostados aos vidrões compõem um cenário pouco agradável à vista. E ao olfacto.

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Os cantoneiros e os motoristas dos serviços de limpeza da Câmara de Lisboa estão em greve desde terça-feira e, apesar de a autarquia ter apelado aos lisboetas que guardassem o lixo deste Natal em casa, muitos ignoraram o pedido. Nas zonas residenciais não faltam caixotes a abarrotar de sacos à porta dos prédios, em torno das árvores ou simplesmente atirados ao chão pela força do vento que soprou nos últimos dois dias. Os sacos de lixo largados à mercê dos animais, nos passeios, nas esquinas ou encostados aos vidrões compõem um cenário pouco agradável à vista. E ao olfacto.

Em zonas turísticas como a Baixa pombalina não é diferente. Nesta quarta-feira à noite, as pessoas que parassem no Terreiro do Paço para ver o espectáculo do Circo de Luz e entrassem depois pela Rua Augusta encontravam um “pandemónio”, como lhe chama o presidente da Associação para a Dinamização da Baixa Pombalina, Manuel Lopes. À porta de várias agências bancárias, alguém empilhou caixotes e sacos, misturados com bocados de uma espécie de passadeira vermelha que cobria o passeio junto às lojas. O mesmo aconteceu à porta dos bancos instalados no Rossio.

“Ainda não tomámos nenhuma atitude porque ontem [quarta-feira] era dia de Natal. Agora vamos ver se os serviços mínimos dão ou não para atenuar o pandemónio que vai pelas ruas”, diz Manuel Lopes. “Senão, vamos ter de chamar à atenção a quem de direito, ou seja, à câmara”, avisa.

O Sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa diz que a adesão à greve ao trabalho normal, que dura até às 5h deste sábado, tem uma adesão de 85%. Depois disso, os funcionários retomam o trabalho durante o dia. Mas o lixo não deverá ser recolhido tão cedo. É que a partir de sábado e até 5 de Janeiro começa a greve às horas extraordinárias. “Há falta de pessoal e grande parte da recolha de lixo é feita em horário extraordinário”, lembra Nuno Almeida, da direcção do sindicato. Junta-se a isso o facto de não haver recolha aos domingos e de haver tolerância no Ano Novo; mesmo com os trabalhadores ao serviço durante o dia, a limpeza das ruas deverá ser demorada.

O sindicato acredita que as zonas residenciais serão as mais afectadas. “De certeza que na Baixa, Belém e nos sítios mais turísticos a câmara vai tentar manter [a situação] o mais normal possível. Se mantêm a Baixa e as zonas turísticas limpas, nas zonas residenciais deve haver mais lixo por apanhar”, disse à Lusa o sindicalista Vítor Reis.

A Câmara de Lisboa informa que os serviços mínimos estão a ser dirigidos para as “zonas prioritárias”, como hospitais, mercados e também o centro histórico, "onde o acondicionamento de lixo em casa é mais difícil". Garante ainda, numa resposta por email, que procurará "dar resposta aos locais onde se detectam focos de insalubridade causados pela maior acumulação de lixo". E reforça o apelo: "Os serviços durante este período serão sempre insuficientes e não dispensam a colaboração dos lisboetas, que devem evitar colocar o lixo na rua, em especial em sacos."

Nas zonas da Baixa e Chiado "já está tudo limpo", disse ao PÚBLICO a assessora do presidente, Maria Rui, nesta quinta-feira às 16h.

Os trabalhadores contestam a “externalização de serviços e de atribuições” decorrente da transferência de competências da câmara para as 24 juntas de freguesia da cidade. “Ainda não se conhecem as necessidades das juntas de freguesia, mas sabe-se que a Câmara de Lisboa tem intenção de se livrar de 20% dos seus trabalhadores”, critica Nuno Almeida. “Não se pode brincar com o vínculo dos trabalhadores”, acrescenta.

A autarquia pretende transferir 1800 trabalhadores para as juntas, dos quais 870 são afectos aos serviços de higiene urbana. O sindicato ainda acredita que pode reverter o processo, uma vez que o assunto terá de ser votado na assembleia municipal.

Nesta quinta-feira, além dos trabalhadores da limpeza urbana, estão em greve todos os funcionários municipais, em protesto contra o processo de transferência de pessoal para as freguesias.