Edward Snowden declara “missão cumprida” em entrevista
Na primeira entrevista dada em território russo, o antigo analista da NSA diz que não está contra a agência.
Foi o que explicou, numa entrevista feita ao longo de dois dias por um jornalista do Washington Post: “Eu ganhei. Assim que jornalistas puderam trabalhar, tudo o que eu estive a tentar fazer foi validado. Porque, lembrem-se, eu não queria mudar a sociedade. Eu queria dar à sociedade uma hipótese de decidir se queria mudar ela própria”, diz, referindo-se aos programas de vigilância da Agência de Segurança Nacional (NSA).
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Foi o que explicou, numa entrevista feita ao longo de dois dias por um jornalista do Washington Post: “Eu ganhei. Assim que jornalistas puderam trabalhar, tudo o que eu estive a tentar fazer foi validado. Porque, lembrem-se, eu não queria mudar a sociedade. Eu queria dar à sociedade uma hipótese de decidir se queria mudar ela própria”, diz, referindo-se aos programas de vigilância da Agência de Segurança Nacional (NSA).
“O que eu queria era que o público pudesse ter algo a dizer no modo como somos governados”, disse. “E essa é uma marca que já passámos há muito”, congratulou-se. Snowden lembrou ainda que quando decidiu revelar o que sabia a jornalistas, não fazia ideia do que iria acontecer. "Foi um mergulho às cegas. Não havia um modelo", sublinhou, quando saiu do emprego no seu posto do Havai em Maio e decidiu entregar informação a jornalistas. “Mas quando se pesa a alternativa, que é não fazer nada…”, continuou.
Snowden, comenta o Post, conseguiu mais do que poderia ter pretendido. “A NSA, habituada a ver sem ser vista, enfrenta um escrutínio que não é visto desde os anos 1970, ou talvez como nunca visto”. Ficou-se a saber não só a escala de vigilância a cidadãos (guardados os dados como hora, duração, e assunto das comunicações, embora não o conteúdo) como a líderes estrangeiros, da chanceler alemã Angela Merkel à Presidente brasileira Dilma Rousseff.
Houve consequências claras, como a declaração de inconstitucionalidade por um juiz de um tribunal de Washington (o caso segue para recurso) e as recomendações de uma comissão que defendeu alterações ao programa, incluindo maior supervisão judicial e mais transparência na recolha de dados de comunicações telefónicas ou por internet. O Presidente, Barack Obama, vai analisar as recomendações, admitindo fazer mudanças embora não acabar com os programas de vigilância em larga escala.
Mas Snowden não se vê numa luta contra a NSA. “Eu ainda estou a trabalhar para a NSA, eles é que não se apercebem”, declarou, explicando que o seu objectivo não é derrubar a agência, mas melhorá-la.
Da primeira vez que fala directamente com um jornalista desde a entrevista dada em Hong Kong, em Junho, ao Guardian, muito mudou. Snowden é acusado de ligações à China e à Rússia, de ser anti-americano. “Não há quaisquer provas de que eu deva lealdade à Rússia ou à China ou a qualquer país que não os Estados Unidos”, disse. “Não tenho qualquer relação com o Governo russo. Não tenho quaisquer acordos com eles”, garantiu. “Se desertei, foi do Governo para o público.