Instituto Hidrográfico prepara novo sistema de alerta para o próximo Verão

Informação sobre risco de formação de agueiros nas praias deverá estar disponível nos próximos meses.

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Educação sobre perigos do mar devia ser dada na escola, diz especialista Paulo Pimenta

Segundo o Instituto de Socorros a Náufragos, a esmagadora maioria das pessoas que morrem nas zonas balneares costeiras no Verão são empurradas para longe do areal por estas correntes de retorno, que são comuns em qualquer praia. No Inverno, também as correntes são um grande factor de risco, somado ao perigo das agitação marítima mais forte e das ondas junto à praia.

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Segundo o Instituto de Socorros a Náufragos, a esmagadora maioria das pessoas que morrem nas zonas balneares costeiras no Verão são empurradas para longe do areal por estas correntes de retorno, que são comuns em qualquer praia. No Inverno, também as correntes são um grande factor de risco, somado ao perigo das agitação marítima mais forte e das ondas junto à praia.

Nalguns casos, os agueiros formam-se em locais mais ou menos determinados. Mas em grande parte surgem aleatoriamente, conforme as modificações que a própria agitação marítima realiza nos fundos.

Com base em informação estatística e dados de modelação da agitação marítima, a ideia do Instituto Hidrográfico (IH) é poder alertar para momentos e locais onde haja risco de formação dos agueiros. “É um produto que tencionamos ter activo nos próximos meses, com certeza antes da próxima época balnear”, afirma o comandante Santos Martinho, chefe da Divisão de Oceanografia do instituto.

O IH já tem disponíveis alguns produtos de informação sobre a agitação marítima, incluindo dados específicos sobre as condições de mar destinada a surfistas.

Nos Estados Unidos, as autoridades marítimas, sobretudo na costa Oeste, divulgam, junto com a informação sobre as condições de mar para o surf, alertas sobre a possibilidade de ocorrência de ondas perigosas juntos à praia, como as do Meco.  

Casos de pessoas que morrem arrastadas por tais ondas são comuns na Califórnia, por exemplo, muitas vezes envolvendo donos de cães que tentam salvar seus animais. “Se o seu cão for arrastado, dê-lhe a oportunidade de nadar de volta”, aconselha a Guarda Costeira norte-americana, num aviso dedicado a estes casos em particular. Os cães nadam melhor do que os humanos. Sete pessoas morreram no norte da Califórnia entre 2008 e 2012 tentando resgatar os seus animais. Só um cão morreu.

Os conselhos para evitar o risco de ser apanhado por uma onda inesperada no Inverno são universais. “Nunca virar as costas ao mar” e “não frequentar a praia durante a noite” são dois dos avisos recomendados pelo comandante Nuno Leitão, do Instituto de Socorro a Náufragos. Não se aproximar da área onde as vagas chegam e muito menos tomar banho de mar nessa época são outros.

Publicitar conselhos em folhetos, placas ou sites na Internet, no entanto, pode não ser suficiente. A educação sobre os riscos das praias “tem de ser implantada nas escolas”, diz António Tadeia, presidente da Federação Portuguesa de Nadadores Salvadores. “É fundamental”.