O Prémio Novo Talento FNAC Fotografia 2013 foi atribuído a Tânia Cadima por “Brejo”, um ensaio de cariz pessoal, onde cada imagem foi captada recorrendo à técnica pinhole. A fotógrafa que nasceu em Coimbra em 1979 construiu um universo visual à volta de "um lugar psicológico", aquele "para onde se vai quando se cai em esquecimento, quando se é elevado ao abandono, onde se cumpre uma pena".

O Prémio Novo Talento FNAC Fotografia 2013 foi atribuído a Tânia Cadima por “Brejo”, um ensaio de cariz pessoal, onde cada imagem foi captada recorrendo à técnica pinhole. A fotógrafa que nasceu em Coimbra em 1979 construiu um universo visual à volta de "um lugar psicológico", aquele "para onde se vai quando se cai em esquecimento, quando se é elevado ao abandono, onde se cumpre uma pena".

Para Mário Teixeira da Silva, em “Brejo”, a Tânia Cadima cria “um universo de subjectivação de um lugar, a casa da sua família no interior de Portugal”, onde "mostra como a relação com esses lugares é sempre o resultado de uma apropriação emocional, carregada de memórias, enigmas, insinuações". No depoimento sobre o portefólio vencedor, o director da galeria Módulo - Centro Difusor de Arte sublinha "um trabalho coerente e de grande autenticidade, que demonstra as possibilidades dos velhos processos e do preto e branco para abordar temáticas contemporâneas como são as da memória e da identidade".

No texto de apresentação que enviou para o prémio a fotógrafa afirma que “'Brejo' é um ensaio de natureza pessoal, auto-biográfico” que pretende "explorar um lugar familiar" mas em relação ao qual havia "sempre uma certa distância". "As visitas são geralmente escassas e curtas. Desta vez regresso ao Brejo com tempo e é com pronta melancolia que testemunho e documento a minha própria ausência", escreve Cadima.

O júri da edição deste ano foi constituído Margarida Medeiros (professora universitária e crítica de fotografia), Augusto Brázio (fotógrafo), Mário Teixeira da Silva (galerista), Sérgio B. Gomes (jornalista do PÚBLICO). Para Augusto Brázio, "nessa viagem mais demorada a um lugar, Brejo, Tânia transporta-nos para o sítio da memória, da carga sensorial,e de histórias ocultas de família."O lugar como peça fundamental para a meditação O fotógrafo do colectivo kameraphoto considera que este é "um trabalho de caminhos que vagueiam entre a melancolia, os objectos, o tempo".

Sérgio B. Gomes sublinha que o conjunto de imagens que dá forma a “Brejo” "é ímpar na revelação do poder que os lugares exercem sobre nós" revelando-se "complexo na forma e certeiro na mensagem – não há fotografias a mais nem fotografias a menos".

O júri atribuiu também menções honrosas a Rui F. Marques por “A Curva da Estrada” (fotografou vários memoriais situados nas beiras de estradas e que lembram acidentes viários de que resultaram perdas de vidas humanas); a Pedro Duarte por “A Casa” (os pais do fotógrafo terminaram o casamento com uma acção litigiosa que se prolongou por mais de vinte anos e o fotógrafo lista diversos momentos da vida do casal acompanhados de 15 imagens de algumas divisões e partes do apartamento em que a família viveu, e que se tornou na razão do conflito prolongado); e a Attilio Fiumarella por “Obras de Misericórdia” (Sete Obras de Misericórdia, uma das grandes pinturas da fase final de Caravaggio, serve de referente para as 14 imagens encenadas pelo fotógrafo).

Tânia Cadima receberá o conjunto EOS 700D, da Canon. Os fotógrafos distinguidos com menções honrosas receberão conjuntos EOS 100D. Todos os premiados terão exposições individuais produzidas pela FNAC a circular por várias das lojas da cadeia comercial durante 2014.

O Prémio Novo Talento FNAC Fotografia é atribuído desde 2003 e procura “consagrar jovens fotógrafos que apresentem trabalhos inéditos, originais e com uma escrita fotográfica coerente”. Nas edições anteriores os vencedores foram Pedro Guimarães, Francisco Kessler, António Lucas Soares, Virgílio Ferreira, João Margalha, Nelson d'Aires, Inês d'Orey, Hugo Rodrigues Cunha, Miguel Godinho, Frederico Azevedo, Lara Jacinto e Nuno Tavares.