Atacada base da ONU no Sudão do Sul

Reino Unido enviou avião para retirar do país britânicos que queiram partir.

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Muita população começou a refugiar-se nas bases da ONU goran tomasevic/REUTERS

"Houve um confronto", disse o porta-voz da ONU Farhan Haq, citado pela AFP. "Tememos que tenham havido mortes, mas não podemos confirmar quem, nem quantos." No estado de Jonglei há muitas milícias que formam as mais variadas alianças, e não foi possível determinar com certeza quem protagonizou o ataque.

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"Houve um confronto", disse o porta-voz da ONU Farhan Haq, citado pela AFP. "Tememos que tenham havido mortes, mas não podemos confirmar quem, nem quantos." No estado de Jonglei há muitas milícias que formam as mais variadas alianças, e não foi possível determinar com certeza quem protagonizou o ataque.

Antes, as forças de Machar, acusadas de terem agarrado em armas primeiro - depois de o Presidente Kir ter demitido o vice-presidente e todo o seu governo no Verão - tomaram a cidade de Bor, capital do estado de Jonglei. Bor fica a cerca de 200 quilómetros a Norte de Juba, a capital. “Os nossos soldados perderam o controlo de Bor para as forças de Riek Machar, no fim do dia de quarta-feira”, disse à AFP o porta-voz do Exército, Philip Aguer.

O porta-voz da ONU, citado pela AFP, mencionou também "informações não confirmadas" sobre a morte de estudantes na Universidade de Juba, mortos pelas forças de segurança. Centenas de estudantes estavam no campus da universidade e pediram proteção da ONU, explicou.

Entre 2000 e 5000 civis estavam reunidos noutra zona da cidade conhecida como complexo Kator, e também pediram ajuda à missão da ONU no Sudão do Sul, acrescentou Haq.

Machar garantiu que o anúncio do Presidente de que houve uma tentativa de golpe de Estado foi pretexto para se desembaraçar dos que se opunham à sua liderança, tanto do partido no poder como do próprio país, e apelou à mobilização para o depor. "Se Salva Kiir quiser negociar as condições para deixar o poder, estamos de acordo. Mas deve ir-se embora", afirmou Riek Machar aos microfones da Rádio France Internationale, acusando o Presidente de estar a tentar "acender o rastilho de uma guerra étnica".

Reino Unido tira cidadãos

Os combates que começaram no início da semana já causaram a morte a pelo menos 400 a 500 pessoas.

Depois de os Estados Unidos terem ordenado a retirada do país de pessoal não essencial, o Reino Unido enviou esta quinta-feira um avião para retirar os britânicos que queiram abandonar o país.

Na segunda-feira, o Presidente, Salva Kiir, denunciou uma tentativa de golpe de Estado do seu rival político e ex-vice-presidente, Riek Machar, afastado em Julho, e decretou um recolher obrigatório. Numa entrevista divulgada na quarta-feira, Machar negou a tentativa de tomada do poder.

O Governo anunciou também a prisão de dez políticos por envolvimento no “golpe de Estado frustrado”. Oito eram ministros do executivo demitido em Julho.

A Missão das Nações Unidas no Sudão do Sul (Minuss) alertou para o risco de um conflito étnico. “É crucial que a violência actual não assuma contornos étnicos”, disse. Salva Kii pertence à comunidade Dinka e Riek Machar é dos Nuer, a segunda maior. Os Nuer têm-se queixado do domínio dos Dinka.

O Sudão do Sul é o mais novo país do mundo. Após um acordo de paz com o Sudão, que em 2005 pôs fim a uma guerra de décadas, tornou-se independente em Julho de 2011, após um referendo que aprovou a separação.