Ajustamento da economia portuguesa vai demorar mais dez a 15 anos, diz o FMI
Subir Lall, chefe de missão do FMI em Portugal, avisa em entrevista ao Financial Times que esforço de Portugal terá de continuar.
Subir Lall, em entrevista publicada pelo Financial Times, afirma que "as distorções na economia acumularam-se ao longo de décadas" e que por isso "é irrealista esperar que pudessem ser resolvidas durante os três anos do programa de ajustamento ou que o processo de reforma pudesse ser imposto externamente".
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Subir Lall, em entrevista publicada pelo Financial Times, afirma que "as distorções na economia acumularam-se ao longo de décadas" e que por isso "é irrealista esperar que pudessem ser resolvidas durante os três anos do programa de ajustamento ou que o processo de reforma pudesse ser imposto externamente".
Assim, a seis meses do final do actual programa da troika para Portugal, o responsável do FMI diz que "as transformações de que a economia precisa terão de continuar por mais dez a 15 anos e terão de ser realizadas internamente". Subir Lall deixou ainda uma mensagem para os partidos políticos relativamente ao que terá de ser feito quando a troika sair do país. "Mudar a forma como a economia responde e ultrapassar a inércia exige um esforço continuado que terá de ser feito, independentemente de qual o partido político que estiver no poder", disse.
No início do programa português, em Maio de 2011, o FMI e os outros elementos da troika estavam bastante mais optimistas em relação à velocidade como Portugal conseguiria transformar a sua economia e pô-la a crescer. Quando foi assinado o primeiro memorando de entendimento, a previsão de crescimento antecipada para 2014 era de 2,5%. Agora, passados dois anos e meio e sucessivas revisões em baixa das previsões, aquilo que se espera não é mais do que um crescimento de 0,6%.
Subir Lall não quis, nesta entrevista ao Financial Times, arriscar uma previsão em relação ao que Portugal irá fazer em Junho, quando ficar concluído o actual programa da troika. Disse que o melhor será esperar pelo início do próximo ano, a altura em que se espera que Portugal volte a realizar emissões de dívida pública no mercado. "Essa será uma boa altura para ver o que os investidores estão a dizer", afirma Lall.
Em relação à decisão do Tribunal Constitucional sobre a convergência de pensões – que terá de ser tomada até esta sexta-feira – o chefe de missão do FMI diz estar "muito confiante" que, em caso de chumbo, o Governo será capaz de encontrar alternativas que preencham o buraco orçamental. Ainda assim, diz que, "quando se tem de encontrar medidas alternativas, existe sempre o risco de que não sejam as melhores possíveis para promover o crescimento económico e o emprego".