Pulp Fiction, Mary Poppins e Os Sete Magníficos entram na lista da Biblioteca do Congresso
Todos os anos, por esta altura e desde 1989, a instituição norte-americana acolhe uma nova selecção de 25 filmes da história do seu cinema
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Este clássico do musical americano surge na altura em que o seu 50.º aniversário foi assinalado pela Walt Disney com a nova produção Saving Mr. Banks (2013), de John Lee Hancock, precisamente sobre a rodagem do filme protagonizado por Julie Andrews e Dick Van Dyke.
Comentando a entrada na lista de Mary Poppins, o coordenador responsável pelo National Film Preservation Board (NFPB), Steve Leggett, citado pelo jornal The Guardian, diz que ela acontece por altura do 50.º aniversário por “mera coincidência”. Mas adianta que se trata de “um filme que toda a gente viu e reconhece”, e que os números musicais com Julie Andrews tornaram-se já “parte da cultura americana”.
Sobre Pulp Fiction, o NFPB assinala as influências que a obra de Tarantino teve na produção americana contemporânea, e considera-o, com “a violência estilizada e a estranheza” característica do realizador, “um marco para o cinema independente”.
Ainda segundo o The Guardian, Michael Moore comentou que a inclusão do documentário Roger e Eu na lista do Congresso era “o reconhecimento” que mais gostaria de ter para o seu trabalho. “Mas aquilo que verdadeiramente lamento é que as cidades de Flint e Detroit, que estão no centro do meu filme, estejam agora numa situação muito pior”, acrescentou, referindo-se às consequências da crise da indústria automóvel que levou inclusivamente o município de Detroit a declarar falência.
Na presente lista de filmes – que vêm acrescentar-se aos mais de meio milhar que já se encontram guardados na Biblioteca do Congresso, e que só podem entrar passada no mínimo uma década sobre o ano de estreia –, estão também o clássico do western de John Sturges, Os Sete Magníficos; Gilda (1946), de Charles Vidor, que assinala a primeira entrada da actriz Rita Hayworth. E Quem Tem Medo de Virginia Woolf (1966), de Mike Nichols, protagonizado pelo casal (também na vida real) Elizabeth Taylor-Richard Burton, que com os seus trabalhos conseguiram duas nomeações para os Óscares – mas só actriz viria a ganhá-lo, entre as cinco estatuetas conquistadas pelo filme.
A lista do NFPB está aberta a todas as formas e géneros que sejam considerados fundamentais na história do cinema americano, e cujo significado cultural, histórico e cinematográfico justifique a sua preservação. Há filmes mudos, documentários, cine-jornais, curtas-metragens, obras experimentais, séries, clips musicais…
E todos os anos a Biblioteca do Congresso recupera produções históricas, tentando remediar a perda dos filmes mais antigos e “garantir a permanência da herança criativa e cinematográfica do país”, disse à agência Associated Press James Billington, um dos responsáveis da Biblioteca do Congresso – recorde-se que, no início deste mês, a instituição publicou um estudo revelando que 70% das longas-metragens de ficção do cinema mudo americano estão perdidas.
Este ano, a lista congrega títulos produzidos entre 1919 e 2002, e entre os mais antigos está uma ficção de 1920, The Daughter of Dawn, de Norbert A. Myles, que conta uma história de amor passada entre os povos índios Comanche e Kiowa, e cujo elenco é integralmente constituído por actores indígenas.
Ella Cinders (1926), de Alfred Green; Idade Perigosa (1933), de William Wellman; O Homem Tranquilo (1952), de John Ford, com John Wayne; e o documentário Decasia (2002), de Bill Morrison, são outros títulos agora acrescentados ao património da NFPB, que “demonstra a vitalidade e a diversidade extrema do cinema americano”, salientou James Billington.