Após "tremenda derrota" na realização da prova, Fenprof pede demissão de Crato
Federação calcula que cerca de seis mil professores, em 13.500, não conseguiu realizar exame.
As contas foram apresentadas por Mário Nogueira, secretário-geral da Fenprof, em conferência de imprensa em conjunto com outras cinco organizações sindicais, em Lisboa. A resposta que os professores deram ao Ministério da Educação e Ciência – ao fazer greve, que rondou os 96%, à vigilância das provas e não as realizando – foi "proporcional à humilhação"a que a tutela "os quis sujeitar", declara.
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As contas foram apresentadas por Mário Nogueira, secretário-geral da Fenprof, em conferência de imprensa em conjunto com outras cinco organizações sindicais, em Lisboa. A resposta que os professores deram ao Ministério da Educação e Ciência – ao fazer greve, que rondou os 96%, à vigilância das provas e não as realizando – foi "proporcional à humilhação"a que a tutela "os quis sujeitar", declara.
Em muitas escolas, a prova não foi feita devido a perturbações que o secretário de Estado dos Ensinos Básico e Secundário condenou ao início da tarde. Em conferência de imprensa, João Grancho considerou "inaceitável" que outros professores e outras pessoas tenham impedido a realização da prova. A Fenprof devolve as acusações e diz que a culpa das perturbações é do ministério. Cabia-lhe assegurar as condições normais de realização do exame e estas não se verificaram em muitas ocasiões.
Mário Nogueira lembra que houve professores a fazer a prova em ginásios e refeitórios; que a prova que deveria ter começado às 10h30 e teve início em horários diferentes; que houve candidatas em licença de maternidade ou grávidas que foram obrigadas a fazer a prova. "Valeu tudo", resume, criticando ainda a presença de polícias nas escolas.
“Quando os professores chegam à escola de manhã e há um dispositivo policial como se de bandidos se tratasse, imediatamente está criado o problema, o clima de instabilidade”, afirmou Mário Nogueira. O dirigente sindical defendeu que a escola é o espaço dos professores: “Não é o espaço da polícia. Quando há agressões a professores dentro da escola, a intervenção não é assim tão pronta; hoje estavam lá a proteger não sei o quê.”
Mário Nogueira sublinha que a "prova está ferida de morte" e que só se mantém por "birra" do ministro. Por isso, exige a demissão de Nuno Crato até à noite desta quarta-feira. "O ministro devia apresentar a sua demissão", defende Mário Nogueira. Entretanto, estas estruturas sindicais não vão desisitir e "a luta continua" tanto no plano jurídico, com a manutenção de 20 acções principais nos tribunais, como no plano político, solicitando uma reunião com a tutela para pedir a anulação da prova. Os sindicatos vão também pedir reuniões a outras entidades, entre as quais, por exemplo, a Comissão de Educação, Ciência e Cultura da Assembleia da República e a Provedoria da Justiça. E garantem que vão ainda investigar de forma mais aprofundada eventuais ilegalidades ocorridas durante esta manhã e perceber se, depois de ter recebido a citação do Tribunal Administrativo e Fiscal do Funchal, o ministério enviou a resolução fundamentada "a tempo", isto é, antes do início da realização da Prova de Avaliação de Conhecimentos e Capacidades.O resultado dessas investigações será, depois, apresentado à Procuradoria-Geral da República.
Quando o ministério anunciar uma nova data para os professores que não conseguiram realizar a prova nesta manhã, os sindicatos deverão entregar novo pré-aviso de greve.
Na conferência de imprensa, Mário Nogueira sublinhou ainda a "solidariedade" e a "união" demonstrada por professores, sejam do quadro, sem vínculo, com mais ou menos de cinco de anos de serviço.