10 coisas que acontecem nas festas de Natal da empresa

Estive a reflectir sobre os 10 momentos-chave que acontecem nas festas de Natal das empresas, e que dão que falar durante todo o ano. Eis o resumo

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Reuters

Adoro as festas de Natal das empresas. É aquele dia do ano em que se esquecem as quezílias entre colegas e o formalismo do dia-a-dia. Pelo contrário: é a ocasião em que se salta de forma abismal para uma intimidade sem precedentes, por muito que ela só dure das 22h às 4h. O ambiente aquece, os casacos empilham-se e de repente as pessoas até se olham nos olhos! E a partir daí tudo pode acontecer.

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Adoro as festas de Natal das empresas. É aquele dia do ano em que se esquecem as quezílias entre colegas e o formalismo do dia-a-dia. Pelo contrário: é a ocasião em que se salta de forma abismal para uma intimidade sem precedentes, por muito que ela só dure das 22h às 4h. O ambiente aquece, os casacos empilham-se e de repente as pessoas até se olham nos olhos! E a partir daí tudo pode acontecer.


Estive a reflectir sobre os 10 momentos-chave que acontecem nas festas de Natal das empresas, e que dão que falar durante todo o ano. Eis o resumo:


1. Há sempre expectativas em polvorosa à conta dos boatos sobre festa do ano passado. Regra geral, os rumores vão-se deturpando de tal forma ao longo do tempo que, este ano, tudo indica que a festa só pode conter nudez e libertinagem de toda a espécie.


2. Há sempre revelações incríveis ao estilo ”afinal o meu CEO é um ser humano”, que dança e tudo.


3. Há sempre o “camisola amarela” da festa (vulgo o indivíduo mais embriagado). Aquele de quem se fala até Janeiro, e que leva um ano inteiro a recuperar a reputação, só para a destruir de novo no ano seguinte. Regra geral, está ébrio antes de toda a gente. Reconhece-se a léguas pelos seus lábios de cor púrpura, sintoma de quem degustou meio barril de tinto durante o jantar. Não se lembra de nada no dia seguinte, e sabe que é melhor assim.


4.  Há sempre aquele colega tímido que afinal é meio taradão. E aquela colega caladinha que afinal é marota. Normalmente saem da festa juntos.


5. Ao terceiro gin tónico esbatem-se completamente as fronteiras hierárquicas —o que pode ser um problema na hora de agarrar o chefe pelos colarinhos para dançar o “Créu”.


6. Há sempre contacto físico a um nível significativamente inapropriado. É a noite para se agarrar em colegas de forma arbitrária — conhecidos ou anónimos —, para expressar o quanto se gosta deles, violando por completo o seu espaço vital. É a noite para se dançar de forma inesperadamente desenvolta, diria mesmo a roçar o badalhoco, a arriscar “twerkings” pontuais e tudo. É também a noite para se dançar com aquele colega da contabilidade, que não se conhece de lado nenhum, como se os corpos fossem um só. Nunca mais se olha nos olhos do colega, evidentemente.

7. Há sempre aquele casal em segredo que sai do armário e se assume perante toda a empresa. Já toda a gente sabia, claro.

8. Há sempre alguém que decide fazer o comboio. Para muitos, o único comboio do ano. E depois há aqueles que se envergonham e não querem ser vistos a fazer o comboio — os sóbrios, que normalmente são só as grávidas —, mas são agarrados pelos descontrolados braços do “camisola amarela” e não têm como fugir.

9. No dia seguinte fala-se daquele “último gin tónico que estragou tudo” como se fosse o supremo responsável pelos disparates da noite anterior e a ressaca monumental do dia seguinte.

10. No fim, as fotografias. Essas testemunhas oculares que sobrevivem ao “black-out” alcoólico. São tramadas, porque asseveram a continuidade da vergonha própria ou alheia para a posteridade.

Vendo bem, as festas de Natal são sequelas umas das outras.  Não há propriamente um “stop”, há antes um “pause” durante 364 dias e no ano seguinte retoma-se exactamente onde se deixou, no mesmo nível de bacanismo e à vontade, eu-cá-tu-lá com colegas que só se cumprimenta com tímidos “b’dia” e “b’tarde” nos outros dias todos do ano.
Tudo é permitido, tudo é desculpável, e não é preciso muito mais para ser memorável.