O Palácio Nacional de Queluz, tal como antigamente, vai voltar a ser palco de concertos
Foi anunciada a temporada de música para 2014 com 11 concertos no Palácio Nacional de Queluz. O histórico pianoforte de Clementi foi recuperado e vai ser tocado nos dois ciclos programados.
Mas se com esta programação, que tem por nome Temporada de Música – Tempestade e Galanterie e que arranca a 8 de Março, o seu director artístico Massimo Mazzeo nos quer transportar para a época dos grandes bailes e concertos da corte, muito se deve também à recuperação de uma das jóias do Palácio de Queluz, o pianoforte de Clementi. Este instrumento musical com mais de 200 anos estava há 12 arrumado e a precisar de um grande trabalho de intervenção. Na semana passada voltou finalmente ao seu lugar, a Sala da Música, uma das mais antigas do Palácio, e já se pôde ouvir o som que dele sai, podendo imaginar-se até D. Maria (representada no quadro que está pendurado na parede junto ao instrumento) embalada por aquela música.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Mas se com esta programação, que tem por nome Temporada de Música – Tempestade e Galanterie e que arranca a 8 de Março, o seu director artístico Massimo Mazzeo nos quer transportar para a época dos grandes bailes e concertos da corte, muito se deve também à recuperação de uma das jóias do Palácio de Queluz, o pianoforte de Clementi. Este instrumento musical com mais de 200 anos estava há 12 arrumado e a precisar de um grande trabalho de intervenção. Na semana passada voltou finalmente ao seu lugar, a Sala da Música, uma das mais antigas do Palácio, e já se pôde ouvir o som que dele sai, podendo imaginar-se até D. Maria (representada no quadro que está pendurado na parede junto ao instrumento) embalada por aquela música.
“Este é o regresso à cena do pianoforte, uma peça excepcional de grande raridade”, disse na conferência de imprensa de apresentação desta programação musical a directora do Palácio de Queluz, Inês Ferro, explicando que este instrumento histórico, construído pelo célebre compositor e intérprete italiano Muzio Clementi, “esteve esquecido 12 anos” mas depois de ter sido “completamente desmontado e restaurado” vai permitir finalmente que a música volte a ser tocada no Palácio. E tal como foi antigamente, vai voltar a ser agora.
Para Massimo Mazzeo, director musical da Divino Sospiro, responsável também pelo Centro de Estudos Setecentistas de Portugal, “Clementi retorna ao lugar que lhe é próprio”. E por isso mesmo é o italiano e o seu instrumento o foco do concerto inaugural marcado para o dia 8 de Março na Sala da Música. No pianoforte vai estar o holandês Ronald Brautigam para tocar reportório de Clementi, em tributo ao italiano.
O pianoforte é aliás a figura central do Ciclo de Carnaval, estando presente em todos os concertos. No dia 12 de Março volta a ser tocado mas desta vez pelas mãos do sul-africano Kristian Bezuidenhout, que apresentará em Queluz “um repertório onde se destaca a obra do compositor Carl Philip Emanuel Bach, assinalando assim os 300 anos do seu nascimento”. Segue-se depois um concerto na Sala dos Embaixadores, no dia 16, preparado pela musicóloga e crítica de música clássica do PÚBLICO Cristina Fernandes, que pretende recriar historicamente o espírito das festas do final do século XVIII. O ciclo de Carnaval termina com mais três concertos, o último dos quais no dia 29 de Março a cargo do pianista Pedro Burmester, que tocará pela primeira vez num pianoforte.
“No meu percurso de músico sempre dei importância à recuperação do património porque é a recuperação de identidade, e é isso que estamos a fazer aqui”, explicou Massimo Mazzeo enquanto apresentava a programação, destacando a importância destas obras serem tocadas no Palácio de Queluz. “O que vai acontecer aqui é a música a ser tocada dentro do espaço para o qual foi pensada”, disse o director artístico, para quem hoje em dia se ouvem “coisas completamente descontextualizadas. A ideia é por isso que, em cada concerto, se regresse à vivência total da música, recriando-se, tanto quanto possível, as condições originais da sua primeira interpretação.
E porque antigamente a época de espectáculos se dividia habitualmente em dois ciclos, em Outubro a música volta ao Palácio num Ciclo de Outono com mais cinco concertos. E aqui Mazzeo destaca o primeiro espectáculo, a 3 de Outubro, “um concerto de referência para toda a temporada” com Midori Seiler, no violino e Jos van Immerseel, no pianoforte. “Dois músicos que pisaram os palcos mais importantes do mundo, estamos a falar do pico mais alto do que temos hoje em dia na interpretação”, disse o director artístico, mencionando ainda o último concerto, a 25 de Outubro, em que a Orquestra Gulbenkian será dirigida pelo maestro argentino Leonardo Garcia Alarcón.
Os preços dos bilhetes para estes concertos variam entre 15 e 20 euros, existindo ainda dois passes especiais que permitem o acesso a todos os concertos de cada ciclo, com preços entre os 60 e os 90 euros.
“Era aqui que a corte se divertia e por isso tudo o que está pensado para esta temporada faz sentido”, disse António Lamas, presidente do conselho de administração da Parques de Sintra, empresa que gere o Palácio de Queluz, esperando com esta iniciativa conquistar “mais e diferentes visitantes”. “Queremos que a música se torne no principal motivo de atracção do Palácio”, acrescentou ainda o responsável, garantido que “este é um programa para se repetir com regularidade”. “É para se tornar um hábito.”