Presidente da TAP diz que companhia não tem planos para retomar voos para Bissau

Suspeito no incidente com TAP mantém-se detido em Bissau. Homem de 51 anos foi ouvido esta terça-feira pelo Ministério Público guineense

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Fernando Pinto diz que a prioridade da companhia é assegurar o transporte de passageiros que tinham comprado voo para o Natal. Público (arquivo)

Também esta terça-feira, o Ministério Público guineense ouviu em Bissau o suspeito de recrutar os passageiros, que alegam ser sírios e pediram asilo a Portugal. O homem mantém-se detido, disse à agência Lusa fonte judicial.

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Também esta terça-feira, o Ministério Público guineense ouviu em Bissau o suspeito de recrutar os passageiros, que alegam ser sírios e pediram asilo a Portugal. O homem mantém-se detido, disse à agência Lusa fonte judicial.

"O voo está cancelado. Não temos nenhuma indicação de reabertura. Se mais tarde voltarmos a decidir voar para lá será uma nova decisão", disse o presidente da transportadora aérea durante um encontro com os jornalistas, em Lisboa.

Fernando Pinto afirmou que a preocupação da companhia, neste momento, "é com os passageiros que compraram bilhetes", nomeadamente "para o Natal", estando a trabalhar para que "as pessoas estejam nos seus destinos antes das festas natalícias".

O presidente da TAP admitiu que a companhia aérea pode ser multada por ter transportado os 74 passageiros com passaportes falsos, mas avançou que, se isso vier a acontecer, a empresa vai recorrer. "Toda a empresa aérea que faz o transporte de passageiros que não podem ser admitidos noutro país é multada e tem a responsabilidade dos custos de transporte de retorno desses passageiros e da permanência deles no país", afirmou Fernando Pinto, durante um encontro com os jornalistas, em Lisboa.

O presidente da TAP alega, contudo, que este caso "é um pouco diferente, porque são pessoas que estão a pedir asilo político e terá um tratamento diferente", sublinhando, contudo, ser uma "preocupação" para a companhia. Fernando Pinto afirmou que, se for multada, a TAP vai recorrer, porque não houve uma falha de verificação de documentos da empresa. "Pelo contrário, a empresa detectou a falha, detectou o problema, não ia embarcar os passageiros, mas foi obrigada a fazê-lo", justificou, acrescentando não saber o eventual valor da multa.

No dia 11 de Dezembro, a TAP anunciou a suspensão da operação para Bissau "perante a grave quebra de segurança ocorrida" no embarque de um voo para Lisboa. Nessa altura, diz o presidente da companhia, existiam "um pouco mais" de mil reservas. Os passageiros que tinham comprado bilhetes para esta rota estão a ser transportados em voos especiais Lisboa-Dakar, assegurados pela TAP, e Dakar-Bissau, com aviões fretados à Senegal Airlines. Fernando Pinto afirmou que estes voos especiais deverão realizar-se "até ao final do ano".

Questionado sobre o impacto financeiro desta situação, o presidente da TAP não avançou um valor, mas afirmou que há "um custo pesado para a empresa". Fernando Pinto disse esta terça-feira que a "TAP recebeu a informação de que se não descolasse com aqueles passageiros, a aeronave seria retida 'sine die'", acrescentando que a transportadora fez o voo "para evitar problemas com os outros clientes que estavam a bordo".

O suspeito de envolvimento no incidente foi questionado esta terça-feira no Tribunal Regional de Bissau e foi depois reconduzido às celas da Polícia Judiciária, também na capital guineense, onde se encontra desde que foi detido, na sexta-feira.

Ainda não se sabe quando é que o suspeito, de 51 anos, vai ser ouvido por um juiz de instrução criminal para aplicação de medidas de coacção, referiu a mesma fonte, segundo a qual a greve geral da função pública está a afectar o processo. A PJ vai pedir que o homem fique em prisão preventiva, para que não perturbe as investigações, uma vez que se suspeita do envolvimento de outras pessoas, referiu fonte policial à Lusa.

O ministro dos Negócios Estrangeiros português, Rui Machete, referiu na segunda-feira que cada um pagou "uma determinada quantia a uma organização" com pessoas "ligadas a membros do governo da Guiné-Bissau".

O caso foi considerado pelas autoridades portuguesas e europeias como uma grave incidente diplomático e de segurança, que fez com que os voos directos da TAP entre os dois países fossem suspensos.Toda a situação está a ser averiguada por uma comissão criada pelo governo de transição da Guiné-Bissau e que, de acordo com o despacho do primeiro-ministro, Rui de Barros, deve terminar as investigações esta-terça-feira e apresentar as conclusões amanhã.

A TAP assegurava três voos semanais para a Guiné-Bissau, à segunda-feira, à quinta-feira e ao sábado.