Roger Waters comparou política de Israel à Alemanha nazi e as reacções não se fizeram esperar

O músico e co-fundador do icónico grupo rock Pink Floyd Roger Waters, de 70 anos, entrou em conflito com organizações e alguns líderes religiosos israelitas.

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Em foco estão os  comentários produzidos durante uma entrevista, na semana passada, à publicação americana Counterpunch, na qual compara o contexto actual da política israelita em relação à Palestina ao contexto da Alemanha nazi, censurando ao mesmo tempo o “extraordinário” poder de que dispõem os meios de pressão judeus nos Estados Unidos.  

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Em foco estão os  comentários produzidos durante uma entrevista, na semana passada, à publicação americana Counterpunch, na qual compara o contexto actual da política israelita em relação à Palestina ao contexto da Alemanha nazi, censurando ao mesmo tempo o “extraordinário” poder de que dispõem os meios de pressão judeus nos Estados Unidos.  

O músico que integra a campanha Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS) contra Israel compara a apatia durante a opressão dos judeus desde 1933 a 1946 com o contexto actual no conflito Israel-palestino. “Nunca tocaria para o Governo de Vichy, na França ocupada, durante a II Guerra Mundial. Nem em Berlim no mesmo período. Mas muitos fizeram-no, na época. Muitas pessoas fingiam que a opressão aos judeus não estava a acontecer.” A tese de Roger Waters é que esta letargia “não é um novo cenário". "Só que desta vez é o povo palestiniano que está a ser assassinado.” 

Organizações e líderes religiosos reagiram entretanto a estas declarações. Uma dessas reacções surgiu, na sexta-feira, através do rabi Shmuley Boteach, que, dirigindo-se directamente a Roger Waters num artigo no New York Post, lembrou que o nazismo foi um regime genocida que levou ao assassinato de seis milhões de judeus. “Que você tenha a audácia de comparar judeus a monstros assassinos revela que não tem decência, nem coração, nem alma”, escreveu.

Em declarações posteriores, obtidas no sábado pelo The Guardian, Roger Waters não quis entrar em polémica directa com Shmuley Boteach, dizendo que não tem nada contra judeus ou israelitas, nem é anti-semita, reafirmando que deplora as políticas do Governo israelita nos territórios ocupados e em Gaza. “São imorais, inumanas e ilegais. Continuarei os protestos não-violentos enquanto o Governo de Israel continuar com estas políticas”.

Na entrevista da Counterpunch quando perguntam a Roger Waters porque é que não existem mais músicos a abordar a questão palestina, este responde que esse é um efeito da “máquina de propaganda” de Israel sobre a opinião pública dos Estados Unidos. Em Agosto o músico havia escrito uma carta aberta em que apelava aos músicos a que boicotassem Israel.

O músico acusa o Governo de Israel de promover um regime de segregação como o que existia na África do Sul. A decisão de promover um boicote aconteceu depois de o violinista britânico Nigel Kennedy ter caracterizado Israel como sendo um Estado de apartheid e de Stevie Wonder, no final de 2012, ter cancelado uma participação num jantar a favor das forças israelitas. Na altura Waters argumentou que estas posições não tiveram impacto mediático, sendo silenciadas.