Tempestade Alexa traz frio, neve e caos ao Médio Oriente

Refugiados e deslocados sírios sofrem com o frio. Neve chegou ao Cairo, Jerusalém, Alepo e Alexandria. Israel reabre corredor de ajuda para a Faixa de Gaza.

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“Temos normalmente de enfrentar o bombardeio e os combates, assim como a escassez de alimentos e de combustível. Hoje, há ainda a neve e o frio”, diz Abu Anas, activista de Al-Hara, uma povoação no Sul da Síria, na região de Deraa. “A pior parte é que as crianças e os idosos não resistem tanto ao frio como os jovens… Sentimo-nos completamente isolados do resto do mundo”, refere, na Internet, citado pela France Press.

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“Temos normalmente de enfrentar o bombardeio e os combates, assim como a escassez de alimentos e de combustível. Hoje, há ainda a neve e o frio”, diz Abu Anas, activista de Al-Hara, uma povoação no Sul da Síria, na região de Deraa. “A pior parte é que as crianças e os idosos não resistem tanto ao frio como os jovens… Sentimo-nos completamente isolados do resto do mundo”, refere, na Internet, citado pela France Press.

Apesar disso, os rebeldes continuam a marchar no frio e no meio da neve, reporta a Reuters. Os quarteirões de casas destruídas em Homs, no Centro da Síria, ficaram cobertas de um manto branco. Na sexta-feira, a televisão Al Arabiya noticiava a morte de uma criança, devido à exposição ao frio.

O Programa de Alimentar Mundial (PAM) disse ter distribuído dez mil litros de combustível a famílias deslocadas que estão a viver em dez abrigos na cidade de Damasco — o combustível destina-se para o aquecimento e para cozinhar. “A Síria é sempre bastante fria no Inverno, mas é muito diferente enfrentar um Inverno rigoroso num abrigo com recursos limitados do que no conforto das nossas casas”, explica Matthew Hollingworth, director do PAM na Síria, citado pela Reuters.

Há 6,5 milhões de pessoas deslocadas dentro da Síria e 2,2 milhões refugiados sírios noutros países, de acordo com a Reuters. Nos campos de refugiados no Líbano, onde vivem mais de 835 mil sírios, a UNICEF adiantou que os recursos que tinha eram insuficientes para combater a vaga de frio.

Na Turquia, que também foi afectada pela tempestade e neve, e onde estão outros 206 mil refugiados, as autoridades deram cobertores e roupas quentes a muitas destas pessoas. No campo de refugiados de Zaatari, no Norte Jordânia, que abriga meio milhão de sírios, as organizações de ajuda tentam mitigar os efeitos do frio e das inundações causadas pela chuva. “Estas pessoas precisam de muito mais do que têm para se preparar para o frio e as organizações estão a tentar dar o seu melhor, mas as condições são difíceis”, diz por sua vez Saba Mobaslat, director local da Save the Children, que actua em Zaatari.

O frio depois do calor
O frio apanhou Jerusalém desprevenida. Na cidade, terão caído entre 30 e 50 centímetros de neve, conforme os relatos. O suficiente para parar o trânsito nas estradas principais que dão acesso à cidade. Várias árvores caíram devido aos ventos fortes, cortando a electricidade a 25 mil habitantes. As cidades na Cisjordânia também foram afectadas pela tempestade e a neve.

“Nos meus 54 anos de vida, não me lembro de uma visão destas, não me recordo desta quantidade [de neve]”, referiu Nir Barkat, presidente da câmara da cidade. Pela manhã de sexta-feira, a polícia já tinha recebido pedidos de ajuda de cerca de 1500 viajantes, que ficaram presos nas estradas, avança a AFP. Cerca de mil pessoas ficaram abrigadas no Centro Internacional de Conferências, enquanto outras centenas foram colocadas num centro militar.

A tempestade e o frio surgiram após semanas de calor recorde em Novembro e no início de Dezembro. Na Faixa de Gaza, além da neve, a chuva intensa fez estragos inundando as estradas. Os serviços de emergência utilizaram barcos de pesca para retirar 700 pessoas das suas casas, e para darem alimentos e cobertores a outras centenas, que ficaram bloqueadas pelas inundações, avança a Reuters. A intensidade da tempestade obrigou a que Israel abrisse o corredor de ajuda com a Faixa de Gaza, a pedido das Nações Unidas, refere ainda a France Press. Foram transportadas quatro bombas de água para combater as inundações, além de mantimentos.

A neve chegou ainda ao Cairo, a Alexandria e a cidades na Península de Sinai onde não nevava há décadas. A comunicação social disse que não nevava na capital do Egipto há mais de um século. O mau tempo no Mediterrâneo obrigou o porto de Alexandria a fechar durante três dias.