Conservatório Nacional organiza maratona de 18 horas de música

Iniciativa deste domingo conta com a participação de Olga Prats e de outros antigos alunos. Visa angariar dinheiro para obras.

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Enric Vives-Rubio

"Quero estar naquele sítio onde me sinto muito em casa. Tenho muita vontade de lá voltar", disse esta pianista, revelando que, tal como sempre fez questão, vai tocar música portuguesa, de Fernando Lopes Graça e de Constança Capdeville.

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"Quero estar naquele sítio onde me sinto muito em casa. Tenho muita vontade de lá voltar", disse esta pianista, revelando que, tal como sempre fez questão, vai tocar música portuguesa, de Fernando Lopes Graça e de Constança Capdeville.

A Olga Prats, que estudou na Escola de Música do Conservatório Nacional, instituição a que diz estar ligada toda a sua vida, juntam-se dezenas de ex-alunos, alunos, professores e músicos. Vão ser 18 horas de música, não seguidas, mas divididas em duas partes: nove horas no salão nobre; e nove no átrio, numa sequência de concertos tocados em simultâneo.

É a segunda vez que O Conservatório sai à rua - a primeira foi em Junho, com uma maratona de 10 horas de música tocada na Rua Garrett (nome do primeiro director da instituição) - embora, desta vez, o convite à população seja para dentro de portas. "Este Conservatório Sai à Rua é figurado, porque vamos abrir a escola à rua, mas dentro de casa. As pessoas são convidadas a entrar e a ver com os próprios olhos aquilo de que nos queixamos", disse à Lusa a directora da Escola de Música, Ana Mafalda Pernão.

A iniciativa partiu da associação de pais, com o propósito de angariar fundos para as obras, e obteve desde a primeira hora o apoio da direcção e dos professores. Elsa Childs, mãe de dois alunos do conservatório e "membro muito activo da associação de pais", envolveu-se nesta iniciativa de pôr os alunos a tocar na rua "onde muita gente passa", para chamar a atenção para o seu trabalho e para os problemas da escola. Na primeira edição conseguiram angariar 1600 euros, "uma pequena gotinha no oceano de necessidades da escola a nível financeiro". Agora "a ideia é trazer o máximo de pessoas à escola, que contribuirão com um donativo para ajudar" nas muitas obras necessárias.

Entre as prioridades estão intervenções no telhado, insonorização das salas, recuperação das janelas, aquecimento, porta de entrada e espaço para os alunos poderem praticar a nível individual. "As crianças praticam nos corredores, no átrio, na entrada, no corredor do salão nobre, ate lá fora no pátio andam a tocar. Onde eles conseguem arranjar um espacinho de onde não os expulsem, eles praticam", conta ainda Elsa Childs.

Para Olga Prats é "muito bonito" partir dos pais "fazer uma coisa que não deveria ser feita por pessoas que não estão ligadas a quem o poderia fazer directamente". "E não estou a falar só do Estado, não é só o Estado que tem de pagar tudo. Há entidades, até bancárias e tudo, que se deveriam preocupar em manter os monumentos nacionais", sublinhou.

Directamente envolvido na iniciativa, o professor Bruno Cochat fala de uma "luta muito orgulhosa: Toda a gente aqui gosta muito desta escola, alunos, professores, o Bairro Alto. Se por um lado é uma luta que, como todas as lutas, por vezes cansa e magoa, é uma luta que nos alimenta".

Mas é mais do que isso, na visão do director do Programa Gulbenkian Educação para a Cultura e ex-aluno do conservatório Rui Vieira Nery, "é uma manifestação a favor da importância do ensino artístico, da importância da formação de profissionais de música". Sobretudo "é um alerta cidadão, é uma tomada de consciência que eu espero que seja viral e que contagie a atenção dos cidadãos em geral", acrescenta.