O Hobbit: A Desolação de Smaug
Que “dividir” o romance de J. R. R. Tolkien em três filmes (e “ampliá-lo” com tramas paralelas levantadas aos escritos do autor) tinha o seu quê de mercenário já tinha ficado definido há um ano, quando estreou a primeira das três partes de O Hobbit. Chegados ao segundo filme, essa sensação sai agravada: manter vivo o extraordinário universo criado na trilogia do Senhor dos Anéis sem abdicar do lado mais leve e menos portentoso da demanda de Bilbo Baggins, Gandalf e os anões parece ter-se tornado, para Peter Jackson, numa obrigação profissional mais do que um desejo de cinema. Há momentos brilhantes em A Desolação de Smaug - quase todos aqueles que remetem para uma memória dos velhos serials de aventuras, onde melhor vem ao de cima a formação do neo-zelandês como cineasta de género - mas fica sempre a sensação de um talento que se agrilhoou de livre vontade a um caderno de encargos no qual já não tem o mesmo prazer de outrora.
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Que “dividir” o romance de J. R. R. Tolkien em três filmes (e “ampliá-lo” com tramas paralelas levantadas aos escritos do autor) tinha o seu quê de mercenário já tinha ficado definido há um ano, quando estreou a primeira das três partes de O Hobbit. Chegados ao segundo filme, essa sensação sai agravada: manter vivo o extraordinário universo criado na trilogia do Senhor dos Anéis sem abdicar do lado mais leve e menos portentoso da demanda de Bilbo Baggins, Gandalf e os anões parece ter-se tornado, para Peter Jackson, numa obrigação profissional mais do que um desejo de cinema. Há momentos brilhantes em A Desolação de Smaug - quase todos aqueles que remetem para uma memória dos velhos serials de aventuras, onde melhor vem ao de cima a formação do neo-zelandês como cineasta de género - mas fica sempre a sensação de um talento que se agrilhoou de livre vontade a um caderno de encargos no qual já não tem o mesmo prazer de outrora.