Facebook investe em inteligência artificial

Empresa trabalhará em parceria com a Universidade de Nova Iorque e contratou um reputado académico francês para liderar a investigação.

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Um centro de dados do Facebook, na Suécia Susanne Lindholm/Scanpix Sweden/Reuters

A empresa, cujos algoritmos já seleccionam o conteúdo a mostrar a cada utilizador e analisam parte do vasto manancial de dados dos mais de mil milhões de contas, contratou um académico de topo para liderar uma investigação de longo prazo, sobre a qual não foram divulgados pormenores.

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A empresa, cujos algoritmos já seleccionam o conteúdo a mostrar a cada utilizador e analisam parte do vasto manancial de dados dos mais de mil milhões de contas, contratou um académico de topo para liderar uma investigação de longo prazo, sobre a qual não foram divulgados pormenores.

“O Facebook criou um novo laboratório de investigação com a ambiciosa meta de longo prazo de trazer grandes avanços para a inteligência artificial”, anunciou, no seu perfil no Facebook, o académico francês Yann LeCun, que vai ser o responsável pela operação.

LeCun é professor na Universidade de Nova Iorque, onde continuará a fazer investigação e a dar aulas, em part-time. Entre os contributos de LeCun para esta área está o desenvolvimento de algoritmos de reconhecimento de caligrafia, que permitiram a criação da tecnologia que foi depois aplicada à leitura de cheques depositados em máquinas automáticas. Desenvolveu ainda outros trabalhos na área das redes neuronais artificiais, nas quais os computadores funcionam de forma análoga ao cérebro, em sistemas que permitem que estes sejam capazes de aprender.

O novo grupo terá instalações em Menlo Park, na Califórnia (onde o Facebok tem sede), em Nova Iorque (onde trabalhará em colaboração com a universidade) e em Londres.

Computadores inteligentes permitirão ao Facebook dar passos em frente nos serviços que disponibiliza aos utilizadores – afinando os conteúdos que mostra e ajustando-os ainda mais aos interesses de cada um – e na tecnologia usada para mostrar publicidade direccionada. O site já identifica hoje rostos em fotografias. Poderá, por exemplo, passar a identificar outros elementos e mostrar anúncios relacionados. Uma fotografia em que num canto é visível uma determinada consola de jogos? O Facebook passaria a mostrar anúncios de jogos para aquela consola.

Da análise dos dados na rede social (das publicações às listas de amigos) pode também emergir novo conhecimento sobre os utilizadores. Recentemente, um estudo (de que um dos autores é um engenheiro do Facebook) demonstrou que a análise computacional dos amigos dos utilizadores permite determinar com quem é que estes têm uma relação amorosa, mesmo quando esta relação não é assinalada nos respectivos perfis.

O conceito de computadores capazes de aprenderem a partir da análise de imensas quantidades de dados tem sido alvo de atenção por parte das grandes empresas tecnológicas, que têm dinheiro para investir e o incentivo de potenciais retornos financeiros. O conhecido futurista americano Ray Kurzweil foi no início deste ano contratado pelo Google para liderar esforços de investigação nesta área. Kurzweil é conhecido por defender (e ter ajudado a popularizar) o conceito de singularidade, o ponto em que a inteligência artificial será superior à inteligência humana.