“É a hora da nova geração”, com Renzi à frente do centro-esquerda em Itália
O carismático autarca de Florença, que as sondagens davam como o político italiano mais popular, obteve mais de 68% dos votos nas eleições primárias deste domingo, abertas a todos os cidadãos
“É uma jornada para ficar na memória”, reagiu um triunfante Matteo Renzi logo após o fecho das urnas, às 20h. A essa hora, ainda havia filas para votar em muitas mesas de voto, o que atrasou a contagem dos resultados. No entanto, quando já estavam apuradas quase 3000 das 8476 secções de voto, o candidato de Florença tinha aberto uma distância de 50 pontos para os seus adversários, e liderava a contagem com 68,5%.
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“É uma jornada para ficar na memória”, reagiu um triunfante Matteo Renzi logo após o fecho das urnas, às 20h. A essa hora, ainda havia filas para votar em muitas mesas de voto, o que atrasou a contagem dos resultados. No entanto, quando já estavam apuradas quase 3000 das 8476 secções de voto, o candidato de Florença tinha aberto uma distância de 50 pontos para os seus adversários, e liderava a contagem com 68,5%.
“É a hora de uma nova geração”, assinalou Romano Prodi, o fundador e patriarca do Partido Democrático, e que à última hora decidiu não ficar de fora do processo (antes de domingo, o antigo primeiro-ministro e presidente da Comissão Europeia disse que preferia manter-se à margem da eleição). “As primárias são um momento de confronto democrático e o que espero é que tanto o vencedor como os derrotados saibam construir um partido mais forte. Se o PD provar que está unido, com um programa estudado, discutido e aprofundado, só poderá vencer no futuro. Caso contrário, correrá o risco de perder”, alertou.
Além de Renzi, que iniciou a sua corrida pela liderança do partido já em 2010 (foi na altura derrotado por Pierluigi Bersani, que se demitiu do cargo em Abril), concorriam o deputado de 52 anos Gianni Cuperlo, o candidato do aparelho que obteve 18%, e Giuseppe (Pippo) Civati, de 38 anos, especialista em Filosofia do Renascimento e actual conselheiro regional da Lombardia. Terminou em último, com 14% dos votos.
Ambos aceitaram a derrota com naturalidade. Igualmente gracioso foi o primeiro-ministro Enrico Letta, o antigo número dois do partido que foi chamado a dirigir o Governo de coligação com a direita e os centristas, depois de complicadas negociações para ultrapassar o impasse político após a votação inconclusiva das legislativas de Fevereiro. Renzi, como Letta, defende a revisão da Constituição para alterar as normas do funcionamento do processo eleitoral, alterado com polémica por Silvio Berlusconi.
Mas as leis eleitorais não são a única mira do jovem e dinâmico autarca florentino, que encabeçava a ala social-democrata do partido. A sua veia reformista manifesta-se nas suas outras propostas de alterações constitucionais: abolição da camada provincial do Governo, fim do sistema de duas câmaras com idênticos poderes, através da extinção do Senado, e diminuição do número de parlamentares.
A expressiva votação em Renzi, que tinha como slogan de campanha a frase “mudar de direcção”, demonstra que, ao contrário dos barões do partido, o eleitorado está desejoso de mudança — aliás, não foram só os simpatizantes do PD que manifestaram a intenção de cortar com o passado e substituir as figuras grisalhas que dominam o espaço político há décadas: este fim de-semana, os nacionalistas da Liga do Norte também escolheram um político de 40 anos para os liderar.
Os analistas e comentadores antecipam uma “metamorfose” política no PD, que com Renzi deverá afastar-se da matriz herdada do antigo Partido Comunista Italiano e abraçar princípios mais liberais. Na imprensa internacional, o autarca foi descrito como uma espécie de Tony Blair toscano, capaz de assimilar a esquerda e o liberalismo. “O PD vai recomeçar a ganhar eleições, deixaremos de nos contentar só em obter o grande prémio da crítica”, prometeu o novo líder, citado pela AFP.