III Congresso da Oposição Democrática recordado em Aveiro passados 40 anos
Helena Pato, presidente da direcção do movimento cívico Não Apaguem a Memória (NAM), que organiza o colóquio, explicou que, em primeiro lugar, a intenção foi recordar um "momento de grande significado" no tempo da ditadura salazarista. Mas, por outro lado, disse, pretende-se também "possibilitar uma reflexão à volta dos ensinamentos" do congresso de 1973."
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Helena Pato, presidente da direcção do movimento cívico Não Apaguem a Memória (NAM), que organiza o colóquio, explicou que, em primeiro lugar, a intenção foi recordar um "momento de grande significado" no tempo da ditadura salazarista. Mas, por outro lado, disse, pretende-se também "possibilitar uma reflexão à volta dos ensinamentos" do congresso de 1973."
É claro que deu imenso jeito. (...) Quanto mais olho para a situação política actual, mais tenho a certeza que tudo o que sejam momentos de encontro aquém das elites partidárias (...), de cidadãos de esquerda, conscientes e activos, são momentos que favorecem uma convergência das esquerdas", sustenta a presidente do NAM.
O III Congresso da Oposição Democrática, realizado em Aveiro em Abril de 1973, foi "um ponto de viragem na política nacional, quer no que respeita à política da ditadura, quer no que respeita à estratégia da oposição", recorda. A oposição tinha estado "dividida até essa altura e esse é o momento da convergência das várias correntes ideológicas, políticas, democráticas", realça, lembrando que, em 1969, data do II Congresso Republicano, a oposição tinha falhado o objectivo da união, mas, às eleições legislativas de Outubro de 1973, já concorre com uma lista única.
O encontro de 1973 "catapultou os movimentos democráticos para o próprio 25 de Abril", destaca Helena Pato. O envolvimento de futuros capitães de Abril nos trabalhos de preparação do congresso e no próprio congresso possibilitou uma "tomada de consciência política que talvez não tivessem até aí", realça.
Sobre a sessão agendada para este sábado, Helena Pato deixa apenas um lamento. O número de inscritos (cerca de 250 pessoas) está longe dos quatro mil de 1973 e os jovens também não estão em maioria. "São pouquíssimos os jovens que estão inscritos... Há aspectos em que eu acho que a revolução de Abril, enquanto revolução em continuidade, falhou", reconhece. "Talvez o mais importante" desses "aspectos" tenha sido não conseguir "agarrar a juventude para os valores democráticos", para "a cidadania".
O programa do colóquio de sábado, que decorre na Universidade de Aveiro, terá três momentos: um primeiro feito de testemunhos de históricos participantes no III Congresso, com José Manuel Tengarrinha, Vítor Dias e Pedro Coelho; e um segundo em que historiadores, como Pacheco Pereira e Fernando Rosas, vão fazer "uma análise mais crua" sobre o significado do acontecimento. O último painel partirá das reflexões do dia para as enquadrar no momento político actual, através de representantes de várias correntes ideológicas: Manuel Carvalho da Silva, Pedro Adão e Silva, Frei Bento Domingues, Tatiana Moutinho e Rui Tavares.
O III Congresso começa às 9h30, com uma sessão de abertura que inclui o presidente da Câmara Municipal de Aveiro, Ribau Esteves (PSD), e o reitor da Universidade de Aveiro, Manuel Assunção.