Governo: venda dos CTT “mostra novo ciclo de regresso da confiança na economia”
Governo justifica escolha do preço máximo com “interesse demonstrado pelos investidores”.
Na conferência de imprensa que se seguiu à fixação do preço de venda das acções da empresa em bolsa (5,52 euros), o governante referiu que o interesse registado junto dos investidores “deve-se à qualidade da própria empresa” e vem dar “um contributo decisivo para revitalizar o mercado de capitais” em Portugal. Manuel Rodrigues reiterou que a operação, que irá gerar um encaixe de quase 580 milhões de euros para o Estado e que avalia os correios em 828 milhões de euros, irá “abrir caminho para mais empresas” optarem pela bolsa.
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Na conferência de imprensa que se seguiu à fixação do preço de venda das acções da empresa em bolsa (5,52 euros), o governante referiu que o interesse registado junto dos investidores “deve-se à qualidade da própria empresa” e vem dar “um contributo decisivo para revitalizar o mercado de capitais” em Portugal. Manuel Rodrigues reiterou que a operação, que irá gerar um encaixe de quase 580 milhões de euros para o Estado e que avalia os correios em 828 milhões de euros, irá “abrir caminho para mais empresas” optarem pela bolsa.
Já o secretário de Estado das Infra-estruturas, Transportes e Comunicações referiu que a procura por acções dos CTT é a prova “de que a opção do Governo foi a correcta”. Sérgio Monteiro reagia, assim, ao facto de o modelo ter sido criticado, especialmente por investidores que pretendiam entrar no capital da empresa através de uma venda directa.
“Quando o Governo tomou a decisão fomos criticados por alguns, dizendo que não estávamos a acautelar o interesse do Estado. O resultado mostra que esse diagnóstico não corresponde à realidade. A média de valorizações das intenções de compra manifestadas comparada com o encaixe para 70% mostra bem que 100% da empresa valia menos do que 70% no caso de uma dispersão em bolsa. Fica provado que a opção foi a correcta”, referiu.
Questionado sobre o facto de o Governo ter optado pelo limite máximo do intervalo de preços definido, o governante considerou que o valor “é adequado e justo”, justificando que “tem em consideração as ofertas recebidas”.
Nenhum dos secretários de Estado quis adiantar mais detalhes sobre a origem e perfil dos investidores institucionais que vão entrar no capital dos CTT. Sérgio Monteiro confirmou apenas que “a maioria da procura vem do exterior”. No entanto, destacou que a maior fatia das acções será controlada pelos pequenos investidores, aos quais foi destinada 20% da oferta, e que “o interesse do Estado está totalmente alinhado com o interesse de continuar a desenvolver a empresa”, já que manterá uma participação de 30%.
Esta fatia que se manterá na esfera pública poderá ser alienada 270 dias após a operação em curso, ou seja, em Agosto de 2014. No entanto, o Governo já manifestou a intenção de se desfazer do capital que o Estado manterá nos correios. “A partir do dia seguinte verificaremos as condições de mercado e tomaremos a decisão, que será tomada pública na altura”, afirmou Sérgio Monteiro.
Já o secretário de Estado das Finanças aproveitou para repetir que o executivo já ultrapassou a meta de encaixe com privatizações acordada com a troika, tendo gerado receitas de cerca de 4500 milhões com a venda de participações da EDP e REN e com a alienação da ANA. Tal como o PÚBLICO noticiou nesta terça-feira, 90% deste encaixe foi usado para pagar dívida.
Nesta terça-feira, o Governo decidiu fixar o preço de venda de cada acção em 5,52 euros, o limite máximo do intervalo que tinha sido definido no arranque da operação, a 19 de Novembro. Serão alienadas 105 milhões de acções da empresa, correspondentes a 70% do capital, o que significa que o encaixe rondará os 580 milhões de euros e que os correios foram avaliados em 828 milhões (num cálculo sobre 100% do capital).
Das 105 milhões de acções disponíveis, 21 milhões foram destinadas ao retalho (15,75 milhões) e aos trabalhadores (5,25 milhões). Este lote corresponde a 20% da oferta disponível e a 14% do capital dos CTT. Os restantes 75 milhões de acções à venda serão vendidas nesta terça-feira a quatro bancos seleccionados pelo Governo: Caixa Bi, JP Morgan, BBVA e BESI. Estas instituições financeiras ficam responsáveis alocar as acções a grandes investidores, aos quais foi destinada 80% da oferta e 50% do capital da empresa.
Há ainda um lote suplementar de nove milhões de acções que serão mantidas sob reserva na Parpública, a holding que gere as participações do Estado em empresa, por motivos de estabilização de preço. Caso o executivo assim decida, este lote também será alienado junto dos investidores institucionais.
No que diz respeito aos resultados da oferta pública de venda lançada para o retalho e trabalhadores, e que decorreu entre 19 de Novembro e a passada segunda-feira, a procura dos pequenos investidores excedeu a oferta em dez vezes, de acordo com os dados divulgados na passada sexta-feira, 29 de Novembro. Já do lado dos trabalhadores, que têm direito a um desconto de 5% sobre o preço das acções, a adesão tem sido fraca. A fatia de capital que não for comprada pelos trabalhadores será destinada ao retalho.
Quarta-feira será divulgado o apuramento final dos resultados da operação. E, na quinta-feira, está prevista a estreia em bolsa dos CTT.