As mais antigas latrinas do mundo eram frequentadas por... répteis

Para muitos mamíferos, defecar em latrinas comuns é extremamente importante, não só do ponto de vista biológico mas também social. Mas esta prática já existia também entre certos répteis, há 240 milhões de anos.

Fotogaleria

Este tipo de prática já foi observado em muitos mamíferos actuais – carnívoros, primatas, roedores –, e até nos marsupiais. A utilização de latrinas comuns é particularmente frequente nas manadas de grandes herbívoros (com um peso superior a 100 quilos) como os equídeos, os antílopes, os rinocerontes, os elefantes e os camelídeos da América do Sul.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Este tipo de prática já foi observado em muitos mamíferos actuais – carnívoros, primatas, roedores –, e até nos marsupiais. A utilização de latrinas comuns é particularmente frequente nas manadas de grandes herbívoros (com um peso superior a 100 quilos) como os equídeos, os antílopes, os rinocerontes, os elefantes e os camelídeos da América do Sul.

Para estes animais sociais, um tal comportamento é não só uma questão de higiene como também uma maneira de promover a comunicação dentro do grupo – e daí a reprodução. Permite-lhes ainda defenderem-se melhor contra os predadores.

Trata-se de uma prática ancestral, como mostram os dejectos fecais mineralizados, ou “coprólitos” de hienas pré-históricas, descobertos em certas jazidas fósseis. E os coprólitos constituem uma mina de informação sobre os hábitos dos animais que os produziram e sobre o seu habitat.

Até aqui, as mais antigas latrinas identicadas datavam de há 220 milhões de anos e tinham todas sido frequentadas por mamíferos. Mas agora, uma equipa de cientistas exumou, no Nordeste da Argentina, um tesouro de dejectos fósseis, com até 100 coprólitos por metro quadrado em certos sítios, muito anteriores ao advento dos mamíferos.

Com formas e tamanhos variados (0,5 a 35 centímetros de diâmetro), os 30 mil coprólitos, distribuídos por vários locais, não deixam subsistir qualquer dúvida sobre o facto de terem sido produzidos numa latrina comum, há cerca de 240 milhões de anos.

E com base numa análise minuciosa, realizada por Lucas Fiorelli, do Conselho Nacional de Investigações Científicas e Técnicas da Argentina, e os seus colegas, concluíram que essas bostas pré-históricas foram deixadas por grandes répteis da família dos dicinodontes, herbívoros gigantes, parecidos com mamíferos, que viveram no tempo dos primeiros dinossauros.

“Isso indica que este comportamento complexo, típico dos mamíferos, já existia numa espécie que antecedeu em muito os mamíferos”, que surgiram há uns 225 milhões de anos, escrevem os cientistas no seu artigo.