Governo de Luanda desmente internamento de Eduardo dos Santos em clínica oncológica de Barcelona

Questionado sobre se o Presidente estava a ser submetido a tratamento para cancro, o chefe da diplomacia angolano, Georges Chicoty, disse: "Não tenho nada a dizer, porque não é verdade."

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O Presidente angolano ao lado da mulher, Ana Paula dos Santos, em Luanda em 2012 Siphiwe Sibeko/Reuters

A notícia de um internamento foi avançada pela RTP, no Telejornal de quinta-feira à noite. A estação dava a informação como confirmada sem citar fontes e adiantava, momentos depois, no seu site, que Eduardo dos Santos iria ser submetido a uma cirurgia.

Dias antes, o site Maka Angola, do jornalista e activista angolano Rafael Marques, atribuía a fontes anónimas a informação de que, “nos primeiros dias de Novembro, o Presidente caiu no Palácio Presidencial” e tinha sido “levado para Barcelona”, no dia 9, a mesma data avançada pela RTP. Não seria a primeira vez que José Eduardo dos Santos estaria em Espanha para receber tratamentos, mas os rumores sobre o seu estado de saúde nunca foram confirmados.

Ao PÚBLICO, nesta quinta-feira, João Pinto, vice-presidente da bancada parlamentar do MPLA, partido no poder liderado por Eduardo dos Santos, confirmou apenas que o Presidente se encontra “em visita privada a Espanha”, sem dizer se está a ser submetido a qualquer tipo de tratamento e qual a data prevista para o seu regresso. "Quando o Presidente voltar, todos saberão", limitou-se a dizer.

Na terça-feira, o site Maka Angola escrevia, sem ter confirmação oficial, que o Presidente teria sofrido “uma crise prostática renal” e que “deveria permanecer, pelo menos, 30 dias sob observação”.

A sua ausência foi particularmente notada a 11 de Novembro, quando Eduardo dos Santos faltou à celebração do 38.º aniversário da independência. E acontece num momento especialmente conturbado de contestação ao seu Governo, por parte de activistas e da oposição que exigem uma investigação à morte de um opositor abatido a tiro por elementos da guarda presidencial no passado fim-de-semana, já depois de vir a público uma informação confidencial do Ministério do Interior em como outros dois activistas anti-Governo, desaparecidos em Maio de 2012, tinham sido assassinados pelas forças de segurança.

Nos últimos dois anos, um movimento de activistas, o Movimento Revolucionário, tem organizado protestos contra a sua prolongada permanência no poder. José Eduardo dos Santos chegou à presidência em 1979, para suceder a Agostinho Neto.
Numa entrevista recente ao canal brasileiro TV Bandeirantes, o Presidente angolano, 71 anos, reconheceu que estava há “demasiado tempo” no poder, justificando a situação com “razões conjunturais”, como a guerra civil que terminou em 2002. A questão da sucessão nunca foi abordada abertamente.
 
 

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A notícia de um internamento foi avançada pela RTP, no Telejornal de quinta-feira à noite. A estação dava a informação como confirmada sem citar fontes e adiantava, momentos depois, no seu site, que Eduardo dos Santos iria ser submetido a uma cirurgia.

Dias antes, o site Maka Angola, do jornalista e activista angolano Rafael Marques, atribuía a fontes anónimas a informação de que, “nos primeiros dias de Novembro, o Presidente caiu no Palácio Presidencial” e tinha sido “levado para Barcelona”, no dia 9, a mesma data avançada pela RTP. Não seria a primeira vez que José Eduardo dos Santos estaria em Espanha para receber tratamentos, mas os rumores sobre o seu estado de saúde nunca foram confirmados.

Ao PÚBLICO, nesta quinta-feira, João Pinto, vice-presidente da bancada parlamentar do MPLA, partido no poder liderado por Eduardo dos Santos, confirmou apenas que o Presidente se encontra “em visita privada a Espanha”, sem dizer se está a ser submetido a qualquer tipo de tratamento e qual a data prevista para o seu regresso. "Quando o Presidente voltar, todos saberão", limitou-se a dizer.

Na terça-feira, o site Maka Angola escrevia, sem ter confirmação oficial, que o Presidente teria sofrido “uma crise prostática renal” e que “deveria permanecer, pelo menos, 30 dias sob observação”.

A sua ausência foi particularmente notada a 11 de Novembro, quando Eduardo dos Santos faltou à celebração do 38.º aniversário da independência. E acontece num momento especialmente conturbado de contestação ao seu Governo, por parte de activistas e da oposição que exigem uma investigação à morte de um opositor abatido a tiro por elementos da guarda presidencial no passado fim-de-semana, já depois de vir a público uma informação confidencial do Ministério do Interior em como outros dois activistas anti-Governo, desaparecidos em Maio de 2012, tinham sido assassinados pelas forças de segurança.

Nos últimos dois anos, um movimento de activistas, o Movimento Revolucionário, tem organizado protestos contra a sua prolongada permanência no poder. José Eduardo dos Santos chegou à presidência em 1979, para suceder a Agostinho Neto.
Numa entrevista recente ao canal brasileiro TV Bandeirantes, o Presidente angolano, 71 anos, reconheceu que estava há “demasiado tempo” no poder, justificando a situação com “razões conjunturais”, como a guerra civil que terminou em 2002. A questão da sucessão nunca foi abordada abertamente.