Governo da Tailândia escapa a moção de censura e apela ao diálogo
Milhares de manifestantes continuam nas ruas a exigir a demissão do executivo liderado por Yingluck Shinawatra, irmã do antigo primeiro-ministro Thaksin Shinawatra.
Desde domingo, milhares de pessoas protestam nas ruas de Banguecoque por causa de uma proposta governamental de amnistia que dizem ter sido feita à medida para beneficiar o irmão da chefe do Governo tailandês, o antigo primeiro-ministro Thaksin Shinawatra, deposto em 2006 num golpe militar.
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Desde domingo, milhares de pessoas protestam nas ruas de Banguecoque por causa de uma proposta governamental de amnistia que dizem ter sido feita à medida para beneficiar o irmão da chefe do Governo tailandês, o antigo primeiro-ministro Thaksin Shinawatra, deposto em 2006 num golpe militar.
Thaksin Shinawatra fugiu do país depois de ter sido condenado a dois anos de prisão por corrupção, num caso que envolveu a concessão de benefícios à sua mulher. A proposta de lei de amnistia – que iria abranger o antigo primeiro-ministro – acabou por não ser discutida no Parlamento, mas a oposição acusa o actual executivo de ser uma mera marioneta de Thaksin Shinawatra, que dizem governar o país através da sua irmã.
Apesar de não terem ainda sido registados episódios de violência, os protestos dos últimos dias são os mais significativos desde as manifestações de 2010, promovidas pela Frente Nacional Unida de Democracia contra a Ditadura, que resultaram em mais de 90 mortos e levaram à demissão do Governo do Partido Democrata – foi na sequência das eleições que se seguiram que Yingluck Shinawatra e o seu partido Puea Thai (Partido para os Tailandeses) chegaram ao poder.
Apelo ao diálogo com a oposição
Nesta quinta-feira, o Governo de coligação, liderado pelo Puea Thai, não teve problemas em sobreviver a uma moção de censura apresentada pelo Partido Democrata, devido à maioria absoluta que detém no Parlamento – Yingluck Shinawatra precisava de 246 dos 492 votos na câmara baixa do Parlamento e obteve 297.
Depois da votação, a primeira-ministra apelou ao diálogo com a posição: "O Governo não quer entrar em jogos políticos, porque acredita que isso iria levar à deterioração da economia."
Mas o líder dos protestos, Suthep Thaugsuban – antigo vice-primeiro-ministro do Governo apoiado pelos militares, derrotado nas eleições de 2011 – não quer conversar: "Não há mais negociações", disse Thaugsuban perante os milhares de manifestantes que continuavam reunidos na quarta-feira à porta do complexo dos ministérios. O objectivo, disse o líder dos protestos, é afastar "a máquina política de Thaksin", numa referência ao antigo primeiro-ministro e irmão da actual chefe do Governo.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu às duas partes que "evitem recorrer à violência e que mostrem total respeito pelo primado da lei e pelos direitos humanos".
Na Tailândia, o nome de Thaksin é acarinhado pela população rural, que o elegeu em 2001 e 2005. A oposição é menor em número mas muito poderosa, incluindo empresários, generais, fiéis ao rei Bhumibol Adulyadej e a classe média urbana. Para os primeiros – que colocaram no poder Yingluck Shinawatra em 2011, um ano depois do golpe de Estado militar –, Thaksin Shinawatra é um amigo do povo; para os segundos, é um populista e representa uma ameaça à monarquia.