Dança de Sombras
Mais conhecido em Portugal pelo seu documentário (“Man on the Wire”) sobre o funâmbulo que nos anos 70 cruzou na corda bamba as duas torres do World Trade Center, James Marsh filma em “Dança de Sombras” uma ficção ambientada nos últimos anos dos “troubles” na Irlanda do Norte, com o IRA por centro. O argumento inclui uma observação sobre o carácter congénito, “hereditário”, da acção e da adesão ao movimento terrorista, mas a sua mecânica é fundamentalmente a do “thriller” psicológico, através da relação entre um polícia (Clive Owen) e a rapariga (Andrew Riseborough) que ele forçou a tornar-se informadora. “Dança de Sombras” tem como principal atributo a credibilidade dramática dos ambientes e das descrições, velha qualidade do cinema britânico, e interpretações seguras, muito “no-nonsense”, por parte dos principais actores. À parte esse profissionalismo inatacável, a narração de Marsh faz pouco para se distinguir da rotina de um telefilme, parecendo ora muito formulaica ora apenas convencional e previsível. Um filme que joga sobremaneira com a ambiguidade psicológica pedia uma mise en scène capaz de lidar com ela de outro modo, formalmente e dramaturgicamente. Sai trabalho limpo, mas muito pouco entusiasmante.
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Mais conhecido em Portugal pelo seu documentário (“Man on the Wire”) sobre o funâmbulo que nos anos 70 cruzou na corda bamba as duas torres do World Trade Center, James Marsh filma em “Dança de Sombras” uma ficção ambientada nos últimos anos dos “troubles” na Irlanda do Norte, com o IRA por centro. O argumento inclui uma observação sobre o carácter congénito, “hereditário”, da acção e da adesão ao movimento terrorista, mas a sua mecânica é fundamentalmente a do “thriller” psicológico, através da relação entre um polícia (Clive Owen) e a rapariga (Andrew Riseborough) que ele forçou a tornar-se informadora. “Dança de Sombras” tem como principal atributo a credibilidade dramática dos ambientes e das descrições, velha qualidade do cinema britânico, e interpretações seguras, muito “no-nonsense”, por parte dos principais actores. À parte esse profissionalismo inatacável, a narração de Marsh faz pouco para se distinguir da rotina de um telefilme, parecendo ora muito formulaica ora apenas convencional e previsível. Um filme que joga sobremaneira com a ambiguidade psicológica pedia uma mise en scène capaz de lidar com ela de outro modo, formalmente e dramaturgicamente. Sai trabalho limpo, mas muito pouco entusiasmante.