Human Rights Watch desafia Angola a investigar morte de opositor
Organização de defesa dos direitos humanos critica repressão violenta da manifestação organizada pela UNITA no último sábado.
Num comunicado em que relata, com base em vários testemunhos, os acontecimentos do último fim-de-semana, a organização de direitos humanos sublinha que a repressão de protestos pacíficos "vai apenas aumentar o descontentamento público” na origem de um número crescente de protestos em Luanda. “Os partidos da oposição e os activistas têm todo o direito a manifestar-se de forma pacífica contra os alegados assassínios cometidos pelas forças de segurança e a pedir justiça”, sublinha Leslie Lefkow, directora adjunta da HRW para África.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Num comunicado em que relata, com base em vários testemunhos, os acontecimentos do último fim-de-semana, a organização de direitos humanos sublinha que a repressão de protestos pacíficos "vai apenas aumentar o descontentamento público” na origem de um número crescente de protestos em Luanda. “Os partidos da oposição e os activistas têm todo o direito a manifestar-se de forma pacífica contra os alegados assassínios cometidos pelas forças de segurança e a pedir justiça”, sublinha Leslie Lefkow, directora adjunta da HRW para África.
A UNITA convocou a manifestação de dia 23 em “repúdio contra as violações dos direitos humanos”, num protesto amplificado por revelações de que os opositores Isaías Cassule e Alves Kamulingue, desaparecidos em Maio de 2012, terão sido mortos pelas forças de segurança. O protesto – a que se juntou o segundo maior partido da oposição, Convergência Ampla de Salvação de Angola (CASA-CE) – foi proibido na véspera pelo Ministério do Interior e a liderança do MPLA acusou a UNITA de querer “criar o caos” e “preparar uma nova guerra civil”.
Os incidentes começaram na madrugada anterior, com a detenção de activistas da ala juvenil do CASA-CE que estavam a colar autocolantes numa rua próxima do palácio de José Eduardo dos Santos. Acusados de distribuir “propaganda subversiva” e “violação do perímetro de segurança”, os jovens foram levados para uma unidade da guarda presidencial. “Quando chegámos, o Ganga [Manuel de Carvalho] saltou do carro e eles dispararam imediatamente dois tiros contra ele”, contou um deles à HRW.
“Não há qualquer justificação para a morte de um homem desarmado. O Presidente deve mandar investigar a sua guarda por este homicídio e acusar os responsáveis, incluindo oficiais”, desafia Lefkow, que acusa ainda a polícia angolana de uso desproporcionado da força para dispersar as centenas de pessoas que participavam na manifestação e de sequestrar e ameaçar Alberto Zola, advogado da Associação Mãos Livres, que presta assistência jurídica a activistas. Em contrapartida, a HRW diz não ter dados para corroborar informações de que outros manifestantes teriam morrido na sequência da repressão policial.
Numa conferência de imprensa em Luanda, o líder da UNITA prometeu aumentar a intensidade dos protestos, argumentando que o MPLA estrangulou a voz da oposição no Parlamento. “Não nos deixam outra alternativa a não ser ir para as ruas. Talvez assim nos ouçam”, disse Isaias Samakuva, citado pela Reuters. A seu lado, Abel Chivukuvuku, ex-dirigente da UNITA e actual líder do CASA-CE admitiu que ao insistir nos protestos a oposição “arrisca ter novos mártires, mas não pode parar por causa disso”. Questionado sobre se ainda considera útil a permanência do CASA-CE no parlamento, Chivukuvuku disse que essa é uma decisão que o partido vai tomar após o funeral de Ganga, previsto para esta quarta-feira.