Microempresas tinham 42% do emprego em 2011
Na UE, a maioria dos trabalhadores do sector não financeiro tem como empregador uma PME. Em Portugal, são as microempresas quem mais emprega.
As microempresas, que representam a esmagadora maioria do tecido empresarial português, empregavam, em 2011, 42% dos trabalhadores do sector empresarial. Na União Europeia (UE), só em Itália é que esta percentagem era superior, nos 46%, mostram dados publicados nesta segunda-feira pelo Eurostat.
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As microempresas, que representam a esmagadora maioria do tecido empresarial português, empregavam, em 2011, 42% dos trabalhadores do sector empresarial. Na União Europeia (UE), só em Itália é que esta percentagem era superior, nos 46%, mostram dados publicados nesta segunda-feira pelo Eurostat.
Juntas, as microempresas e as pequenas e médias empresas (PME) representavam 99,8% das sociedades (95% eram microempresas e 4,9% eram PME), totalizando cerca de 831 mil das 832 mil empresas que o gabinete estatístico contabiliza em Portugal. Só 0,1% do total (cerca de 832 sociedades) eram grandes empresas.
Enquanto na maioria dos 28 países da União é nas PME que está concentrado o maior número de trabalhadores, em seis países, são as microempresas que têm mais peso no total do emprego empresarial. Ao lado de Itália e Portugal estão Espanha (38,5%), Eslováquia (38%), Polónia (36,8%) e Hungria (36,1%). A média europeia está nos 29,5%, cabendo às PME 37,6% dos postos de trabalho e 32,8% às grandes empresas. Ao todo, havia registo, nesse ano, de 134,5 milhões de trabalhadores em 22 milhões de empresas dos vários sectores de actividade empresariais (excluindo o financeiro).
Em Portugal, os dados do Eurostat apontavam para 3,1 milhões de pessoas empregadas no sector não financeiro: enquanto 41,8% trabalhavam para microempresas, 37,4% pertenciam a PME, e 20,8% a sociedades de maior dimensão. Segundo dados recentes do Instituto Nacional de Estatística (INE), o maior número de sociedades eram, nesse ano, empresas do comércio e metade tiveram um volume de negócios abaixo de 111 mil euros.
Para fazer a distinção entre estas três categorias no que toca ao número de postos de trabalho, a Comissão Europeia considera uma microempresa quando ali trabalham menos de dez pessoas, uma PME quando emprega entre dez e 249 pessoas e grande empresa quando o número de funcionários é igual ou está já acima dos 250.
Só em dois países — França e Reino Unido — é que as grandes empresas são o maior empregador. No caso do tecido empresarial britânico, concentravam 46,4% dos postos de trabalho (18% para microempresas e 35,6% para PME). Já em França, a balança está mais equilibrada: enquanto 36,7% dos trabalhadores do sector não financeiro têm como empregador uma grande empresa, 33,7% pertencem a uma PME e 29,7% a uma microempresa.
Grandes empresas em Lisboa, PME no Norte
No ano que os dados reportam do Eurostat, 2011, a economia portuguesa contraiu-se 1,7% e inverteu a retoma pontual da actividade económica no ano anterior. Com a crise económica a colocar um travão a fundo no consumo privado, a queda da procura interna reflectiu-se no volume de negócios das empresas.
Segundo o relatório Empresas em Portugal em 2011, que o INE publicou este ano, a tendência foi mais acentuada nas empresas individuais, onde se verificou a maior destruição de emprego, em particular na construção.
Nesse ano, o número de empresas em actividade baixou 2,8%, numa altura em que a sua taxa de sobrevivência a dois anos já estava a diminuir. Uma empresa portuguesa empregava, em média, 3,4 trabalhadores, mas entre as empresas individuais a média de pessoas ao serviço era inferior a dois trabalhadores (e de 2,64 trabalhadores no caso das PME).
Se o tecido empresarial apresenta grandes disparidades no que toca à dimensão das sociedades, também há diferenças quanto à sua própria distribuição geográfica: mais de metade das grandes empresas estava concentrada na região de Lisboa, enquanto o Norte era a região com mais de um terço das PME — cerca de 360 mil.