Acordo sobre clima obtido em Varsóvia é "frágil", diz Quercus
Após uma "maratona negocial", as delegações de quase duas centenas de países, desenvolvidos e em desenvolvimento, "perderam uma oportunidade" para "definir um caminho claro", considera a associação.
Após uma "maratona negocial", as delegações de quase duas centenas de países, desenvolvidos e em desenvolvimento, "perderam uma oportunidade" para "definir um caminho claro" no sentido do acordo global e vinculativo que se pretende atingir na cimeira agendada para Paris, em Março de 2015, resume a Quercus - Associação Nacional de Conservação da Natureza, em comunicado enviado à agência Lusa.
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Após uma "maratona negocial", as delegações de quase duas centenas de países, desenvolvidos e em desenvolvimento, "perderam uma oportunidade" para "definir um caminho claro" no sentido do acordo global e vinculativo que se pretende atingir na cimeira agendada para Paris, em Março de 2015, resume a Quercus - Associação Nacional de Conservação da Natureza, em comunicado enviado à agência Lusa.
A apreciação que a Quercus faz do acordo alcançado hoje, após duas semanas de negociações e ultrapassado o período previsto para o fim da conferência (sexta-feira), divide-se em "objetivos frustrados" e "grandes desilusões".Recordando que, pela primeira vez, um grupo de organizações não governamentais de ambiente e desenvolvimento "saiu das negociações em protesto", acusando os países de "colocarem determinados interesses acima dos cidadãos do planeta", a Quercus considera que as delegações reunidas em Varsóvia não conseguiram "traçar um calendário que dê tempo suficiente para se ir atingindo consensos" até 2015.
A acrescentar a isso, enfraqueceram o "compromisso" de cada Estado face à redução das emissões, transformando-o antes em "contributo", o que, na opinião dos ambientalistas portugueses, abre caminho a "um final de insucesso semelhante à conferência de Copenhaga em 2009".
A Quercus destacou como positivos "os compromissos de financiamento de longo prazo, em particular para o Fundo Verde para o Clima, essenciais para permitir a muitos países lidar com a adaptação a um clima em mudança" e o apoio a "tecnologias menos poluentes, investimentos em energias renováveis e eficiência energética".
Reconhecendo que a União Europeia foi responsável por "diversas iniciativas" na cimeira, a Quercus assinala que a organização acabou por não dar "os incentivos necessários para desbloquear as discussões sobre ações climáticas de curto prazo" e que "poderia tê-lo feito, movendo a sua meta de redução das emissões até 2020 para 30 por cento e proporcionando uma promessa ambiciosa de financiamento climático".
Na reunião, Portugal, que ocupa o terceiro lugar no índice no desempenho climático dos países industrializados, "foi considerado um exemplo de como lidar com a crise económica", referiu a Quercus.
Ainda que alguns investimentos "comprometam a biodiversidade e a integridade de áreas classificadas e relevantes para a conservação da natureza", Portugal "melhorou a sua posição", reconhece a associação, frisando, porém, que essa posição pode vir a estar "ameaçada pela política menos construtiva do actual Governo, que já abrandou alguns dos investimentos benéficos, em particular nas energias renováveis".
No final da conferência, o ministro do Ambiente português reconheceu que o "desafio das alterações climáticas" coloca "grandes riscos e grandes oportunidades" a Portugal.
Jorge Moreira da Silva sublinhou que o país tem "condições únicas" para obter resultados "na economia verde e de baixo carbono", defendendo que a crise deve ser encarada como razão para reforçar a "responsabilidade política, cívica e empresarial em matéria de clima e de energia".