The National: "Se tivesse de escolher uma cidade, Lisboa estaria nos top dos tops"
Matt Berninger, vocalista dos The National, esteve ao final do dia à conversa com alguns fãs da banda. Tudo aconteceu momentos antes do concerto no Meo Arena
Não é novidade nenhuma esta declaração de amor a Portugal de Matt Berninger, vocalista dos The National. Os norte-americanos estão cá mais uma vez e longe está aquele concerto de 2005 à luz do dia em Paredes de Coura, quando ainda poucos os conheciam. Esta quinta-feira à noite o palco é mesmo um dos maiores do país, o Meo Arena, e, desta vez, poucos são os que não os conhecem. Antes disso, Matt esteve à conversa com alguns fãs, que assistiram à exibição do documentário "Mistaken For Strangers", realizado pelo seu irmão, Tom Berninger.
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Não é novidade nenhuma esta declaração de amor a Portugal de Matt Berninger, vocalista dos The National. Os norte-americanos estão cá mais uma vez e longe está aquele concerto de 2005 à luz do dia em Paredes de Coura, quando ainda poucos os conheciam. Esta quinta-feira à noite o palco é mesmo um dos maiores do país, o Meo Arena, e, desta vez, poucos são os que não os conhecem. Antes disso, Matt esteve à conversa com alguns fãs, que assistiram à exibição do documentário "Mistaken For Strangers", realizado pelo seu irmão, Tom Berninger.
A verdade é que não houve muito tempo para conversas, porque do auditório do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG), em Lisboa, Matt teria de se pôr rapidamente no Meo Arena, onde actuaria quase de seguida. Mas para as cerca de duzentas pessoas que esgotaram o auditório, este pouco que tiveram com o vocalista já soube a muito. Afinal não é todos os dias que têm a oportunidade de partilhar um momento informal com o homem que dá voz aos The National.
E claro que aumenta a empatia depois de se ter visto o documentário que o seu irmão realizou. É que momentos antes de Matt entrar naquele auditório, espreitámos um bocadinho a sua vida. Vimos os seus pais, a mulher, a filha. Subimos ao palco com ele, e com a banda, e estivemos com eles nos camarins. Viajámos com todos e ficámos a conhecê-los mais um bocadinho. Vimos cada um de uma forma que raramente vemos. E, por isso, quando Matt chega ao auditório é quase como se tivesse saído directamente daquele filme para nos dizer “Olá, eu estou aqui”.
“Este documentário é praticamente uma comédia. Querem mostrar que não são uma banda depressiva e que também podem ser divertidos?” Não se estranha que esta tenha sido uma das primeiras perguntas. A música melancólica dos National contrasta em muito com as imagens de "Mistaken For Strangers". Mas a música é uma coisa e a vida da banda é outra, diz Matt. “Acho que estamos no meio, não somos nem demasiado depressivos, nem demasiado tontos, conseguimos ser engraçados e sérios ao mesmo tempo”, continua o músico, que em 2010, antes de partir para aquela que seria a maior digressão dos The National até à data, para a promoção do álbum "High Violet", convidou o irmão mais novo, Tom, para se juntar à banda como roadie.
“Mas ele não foi feito para isso”, diz Matt, ao mesmo tempo que a plateia solta uma gargalhada. Ou não se tivessem visto antes as peripécias de Tom, que levaram mesmo ao seu despedimento. E nem o facto de ser o irmão do vocalista da banda lhe valeu porque, como explica Matt, Tom tinha um chefe designado. “Tive de respeitar a decisão.”
Mas se as portas do autocarro onde a banda passa a vida se fecharam para Tom, Matt abriu a sua casa e deu espaço ao irmão para terminar o filme, esta tarde exibido no ISEG numa iniciativa do Talkfest, um fórum dedicado aos festivais de música.
“Foi uma injecção de confiança e alegria este documentário estar a ter todo este sucesso”, diz Matt, contando os receios que todos tiveram durante o tempo em que Tom andou de câmara na mão para todo lado. “Aquelas coisas dos banhos, as conversas das drogas... Mas no fim, gostámos todos do resultado final, mesmo que tenham saído estas coisas [imagens de alguns no banho e conversas sobre drogas].”
Um documentário sobre dois irmãos
Até porque, na verdade, este não é um documentário sobre os National, pelo menos no sentido clássico de um documentário sobre uma banda. É sim um filme sobre Tom e, só depois, sobre a relação com o seu irmão e, só depois disso, sobre a banda. E o que é feito agora do Tom? “Ainda está lá em casa”, responde Matt, explicando que o irmão está neste momento a tentar descobrir o que vai fazer a seguir. “Não acho que queira fazer um novo documentário”, diz o músico, contando que Tom “quer fazer outra coisa”, para que não fique apenas conhecido por ser o realizador de "Mistaken For Strangers".
Sentimento que Matt conhece muito bem. Depois do sucesso "Alligator" (2005), o terceiro álbum dos National que os catapultou para os tops, houve um momento de incerteza em relação ao futuro. “Ficámos com medo”, conta. “Ou fazíamos um álbum igual ou alguma coisa completamente diferente.” E foi pela segunda via que seguiram e daí nasceu "Boxer", que chegou às lojas em 2007.
Desde então não param de nos visitar e já não chegam os dedos da mão para contar tantos concertos. “Não sei porquê, mas há uma relação especial”, diz Matt, já a tentar fugir para o Meo Arena. “Se tivesse de escolher uma cidade, Lisboa estaria definitivamente no top dos tops. Como Dublin e Zagreb”, continua, enquanto dá autógrafos aos que se vão levantando com medo de perder de vista o vocalista, esquecendo-se que ele estará sempre de volta.