O vintage como expressão da alma

Respondendo às necessidades de um público já saturado da moda tipo "fast food", as lojas vintage surgem como uma "Ave Maria", o auxílio em forma de pano na busca do eu individual

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star_piolet/Flickr

Distantes são os tempos em que a palavra vintage era associada apenas a uma sensação de saudosismo, evocando a ideia de uma moda revivalista através da utilização de peças de roupa e acessórios de décadas passadas.

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Distantes são os tempos em que a palavra vintage era associada apenas a uma sensação de saudosismo, evocando a ideia de uma moda revivalista através da utilização de peças de roupa e acessórios de décadas passadas.

Tendência que veio para ficar, o vintage assume hoje um papel quase existencial no mundo da moda. Numa sociedade produzida em massa em que dezenas de "franchises" apresentam as mesmas peças de vestuário cujas mensagens como “Unique” chegam a beirar o irónico, observa-se uma deturpação do sentimento de individualidade na tentativa da manifestação de um estilo pessoal. Respondendo às necessidades de um público já saturado da moda tipo “fast food”, as lojas vintage surgem como uma “Ave Maria”, o auxílio em forma de pano na busca do eu individual.

Inicialmente restringido a um punhado de lojas passíveis de serem descobertas apenas pelos verdadeiros coleccionadores, o comércio vintage encontra-se hoje amplamente disseminado pelas grandes cidades do mundo ocidental. A popularização da compra e venda do vestuário em segunda mão veio a abrir as portas da moda alternativa a todo e qualquer um cujo armário se encontre recheado de “mais do mesmo”.

O conceito do vintage desabrocha então para uma vertente que ultrapassa o coleccionador das peças raras e descontinuadas dos nomes de alta-costura para tornar-se um fenómeno da moda altamente abrangente. A venda de roupa usada a preço reduzido convida o cliente a brincar com vários estilos, injectando nova vida e uma atitude "guilt-free" ao outrora dispendioso processo da compra.

Curiosos, necessitados, "hipsters" e aficionados. Um público consumidor de tal forma heterogéneo que chega a ser tão ou mais ecléctico que a variedade de produtos que encontra dispostos nos cabides dos estabelecimentos vintage.

De entre as suas centenas de visitantes destacam-se aqueles que já tratam o lojista pelo nome próprio, fiéis e verdadeiros fãs cujo relacionamento com a roupa em segunda mão prende-se com uma profunda questão de identidade. Pessoas para quem o vintage já é um modo de vida.