LIVRE, uma papoila sonhadora
Seria muito básico pensar que, com isto, Rui Tavares, queira apenas voltar para o Parlamento Europeu, já que recusou integrar as listas do PS para as próximas europeias. Mostra, sim, que ousa pensar “fora da caixa”
Nesta altura, em que a maioria da população portuguesa se vira contra os partidos e contra uma classe política cada vez menos respeitada, é preciso coragem para decidir criar um novo partido.
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Nesta altura, em que a maioria da população portuguesa se vira contra os partidos e contra uma classe política cada vez menos respeitada, é preciso coragem para decidir criar um novo partido.
No entanto, com a perda de influência do Bloco de Esquerda e os conflitos internos do PS, esta talvez seja a altura ideal de captar os eleitores descontentes da esquerda e os que não se revêem em nenhum dos partidos.
LIVRE é sem dúvida um nome original e que dá o mote aos antigos valores da democracia, e que se afirma como não reaccionário, pretendendo assim fugir a algumas das ideias Marxistas defendidas por outros partidos da esquerda.
Este novo partido irá unir dissidentes do Bloco de Esquerda como José Sá Fernandes e Joana Amaral Dias, e outros militantes e descontentes de partidos como o PS ou PCP, que de uma maneira ou de outra irão ser afectados nas próximas eleições com esta nova alternativa.
Para além do “European Dream” e da intenção de libertar o país da Troika, o LIVRE tem toda a potencialidade inerente a algo que é fresco e inovador, mas, ao mesmo tempo, ainda com muito que explicar aos Portugueses sobre as suas intenções.
Seria muito básico pensar que, com isto, Rui Tavares, queira apenas voltar para o Parlamento Europeu, já que recusou integrar as listas do PS para as próximas europeias. Mostra, sim, que, apesar da crise e do antipartidismo, ousa pensar “fora da caixa” e tem a coragem e o oportunismo de criar uma alternativa à esquerda. Será sua intenção aproximar-se da ala moderada do BE ou da ala mais à esquerda do PS? Ou pretende Rui Tavares sonhar com algo mais do que uma simples coligação?
Esta papoila sonhadora, vermelha como os cravos da liberdade, mas mais frágil que a última, parece-me ser o símbolo que melhor ilustra este novo partido — livre, frágil e que aparece quando menos se espera. Com tantos ventos a soprar à esquerda e à direita, resta esperar para ver se esta papoila veio para ficar.