De acordo com dois especialistas em publicidade e marketing, contactados pela Lusa, esse spot colocado na rede social Facebook pela Pepsi sueca poderá mesmo afectar a marca norte-americana em todo o mundo, devido à imagem global do avançado do Real Madrid.

De acordo com dois especialistas em publicidade e marketing, contactados pela Lusa, esse spot colocado na rede social Facebook pela Pepsi sueca poderá mesmo afectar a marca norte-americana em todo o mundo, devido à imagem global do avançado do Real Madrid.

"A imagem da marca fica gravemente afectada. O pedido de desculpas dado nas redes sociais, sendo correcta, aconteceu tarde de mais. O mal está feito. Claro que estes fenómenos não têm a dimensão que as redes sociais aparentemente lhes dão, mas dito isso, acredito que muitas pessoas vão torcer o nariz da próxima vez que o empregado do restaurante lhes perguntar se pode ser Pepsi", afirmou à agência Lusa Luís Pereira Santos, da McCANN Portugal.

Para este especialista, a Pepsi não é em Portugal uma "marca muito atractiva" e, com este episódio, poderá ter prejudicado em muito qualquer tentativa de aumentar o seu espaço no mercado português.

"A situação é ainda mais difícil porque a Pepsi, não sendo uma marca muito atractiva para o consumidor português, nem tão pouco tendo um núcleo de consumidores fiéis relevante, parte de uma posição de fraqueza. Impacto nas vendas terá pouco, porque as vendas já são muito baixas, mas pode ter hipotecado o renascimento da marca no futuro", explicou.
Já Tomás Froes, da MSTF Partners, lembrou que Cristiano Ronaldo é uma das maiores figuras globais e que a Pepsi irá de certeza ficar a perder com o spot utilizado na Suécia.

"Basta olhar para os 63 milhões de fãs que o Cristiano Ronaldo tem no Facebook e os 23 milhões da Pepsi para fazer as contas de quem terá ficado a perder e, claro, perceber que o problema da marca não será apenas em Portugal", referiu.
Para Tomás Froes, o grande beneficiado deste episódio deverá ser mesmo a Coca-Cola, o eterno rival da Pepsi na "guerra" dos refrigerantes.

"Se eu fosse o responsável pela Pepsi, os escritórios de todo o mundo estavam agora decorados com cartazes a dizerem ‘think global act local’ (pensar global, actuar localmente). E se eu fosse responsável pela Coca-Cola, o Cristiano Ronaldo estava no meu escritório agora, talvez para oferecer a cada português uma garrafa de Coca-Cola por cada golo que marcou", considerou.

Para já, a TAP Portugal, também através da sua página oficial do Facebook, foi uma das primeiras a reagir ao spot publicitário da Pepsi na Suécia e anunciou que está a ponderar "mudar de fornecedor".

"A TAP repudia energicamente a campanha da Pepsi, aguardando um pedido de desculpas à companhia e aos seus clientes. Esta campanha, ao nível do mais grosseiro hooliganismo, não é grave apenas por se tratar de Portugal e de Cristiano Ronaldo, é ofensiva para todos os que vêm o desporto como um instrumento de relacionamento entre os povos.

A TAP considera ainda a possibilidade de, no futuro, mudar de fornecedor", lê-se no Facebook da companhia aérea.
Na terça-feira, Portugal venceu na Suécia por 3-2, em encontro da segunda mão do “play-off” europeus, e qualificou-se para a fase final do Mundial 2014, que vai decorrer no Brasil.

Já depois da vitória da selecção portuguesa, a página oficial da Pepsi Portugal no Facebook destacava que, sendo "o futebol conhecido pela paixão que inspira, a equipa sueca infelizmente foi mais longe do que devia", ao colocar aquele spot publicitário, e ainda mais dois que referenciavam o "esmagamento" de Cristiano Ronaldo antes do jogo, que decorreu em Solna.

"Nunca quisemos dar ao desporto ou ao espírito de competição uma conotação negativa. Pedimos desculpa a todos aqueles que se sentiram ofendidos pelos posts - estes foram imediatamente retirados", disse a marca.
Cristiano Ronaldo foi o autor dos três golos no jogo com a Suécia e também tinha marcado o único golo da primeira mão, na sexta-feira, em Portugal, numa vitória por 1-0.