OCDE antecipa melhoria do mercado de trabalho em 2014

Projecções da OCDE para o défice são mais pessimistas e antecipam que Portugal vai falhar as metas acordadas com a troika até 2015.

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Angel Gurría, líder da OCDE, diz que em 2014 a economia vai crescer menos do que o esperado pelo Governo. ERIC PIERMONT/AFP

As previsões económicas da OCDE divulgadas esta terça-feira apontam para uma taxa de desemprego de 16,7% este ano. Mas daí em diante, a expectativa é que baixe para 16,1% no próximo ano e para 15,8% no seguinte. Estes números são bem mais positivos do que os esperados pelo Governo, que apontam 2014 como o ano em que o país atingirá a mais elevada taxa de desemprego de sempre (17,7%), acima dos 17,4% esperados para 2013.

As previsões de Outono da OCDE são também mais optimistas do que as de Maio, altura em que a organização estimava uma taxa de desemprego de 18,2% em 2013 e de 18,6% em 2014.

A explicação para esta revisão em baixa está na evolução da taxa de desemprego nos dois últimos trimestres, que acabou por surpreender a organização. “O ritmo da contracção económica abrandou, reflectindo, principalmente, o reforço das exportações, e a confiança das empresas e dos consumidores está a aumentar. A taxa de desemprego está a cair há dois trimestres consecutivos, tendo atingido os 15,6% no terceiro trimestre de 2013, e é expectável que este declínio continue à medida que a economia recupere”, lê-se nas páginas dedicadas a Portugal.

Os dados do desemprego divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) no início de Novembro apontam para uma queda homóloga da taxa pela primeira vez em cinco anos e também para uma queda trimestral. Mas ao mesmo tempo, registam a destruição de 103 mil empregos em Portugal e uma diminuição em 135 mil pessoas da população activa. O total de desempregados registados nos centros de emprego também vem caindo, mas as novas inscrições em Setembro e Outubro foram das mais elevadas dos últimos 13 anos.

Economia recua
A OCDE antevê um recuo de 1,7% para a economia portuguesa este ano, uma melhoria face à contracção de 2,7% estimada nas perspectivas de Maio e muito próximo da estimativa de -1,8% do Governo. A organização melhorou também as suas perspectivas para 2014 e espera agora um crescimento de 0,4%, metade do previsto pelo executivo. Em 2015 os sinais de recuperação serão mais evidentes e as estimativas apontam para um crescimento de 1,1%, mais uma vez abaixo da previsão do Governo e da troika, que aponta para um crescimento de 1,5%.

Já em relação ao consumo privado, a OCDE espera um recuo de 2,3% em 2013 (o Governo, uma queda de 2,5%). E ao contrário das estimativas do Governo no Orçamento do Estado (OE) para 2014, que apontam para um recuperação de 0,1% no próximo ano, a OCDE antevê que o indicador se mantenha em terreno negativo (-0,6%) e só recupere em 2015.

O olhar da OCDE também é mais pessimista do que o do Governo no que toca à evolução do défice público, considerando que Portugal vai falhar as metas orçamentais acordadas com a troika neste ano e em 2014 e 2015, de 5,5%, 4% e 2,5%, respectivamente. Segundo a OCDE, o défice público deverá fixar-se em 2013 nos 5,7%, caindo para 4,6% e 3,6% nos dois anos seguintes.

Outro dos temas no radar da OCDE é um hipotético chumbo do Tribunal Constitucional (TC) a medidas do OE 2014. Em declarações telefónicas à Lusa, Jens Arnold, economista responsável pela análise da economia portuguesa, considerou que um novo chumbo do TC “iria seguramente tornar o caminho da consolidação orçamental mais difícil", podendo "levantar riscos de confiança [nos mercados]”, com impacto negativo nas taxas de juro. Outro risco prende-se com o cenário político.

Referindo-se à "turbulência política" do Verão passado, Jens Arnold frisou que são situações que não ajudam a “solidificar a confiança dos mercados”. A remodelação – que depois da saída de Vítor Gaspar das Finanças, levou à nomeação de Maria Luís Albuquerque, com um “pedido de demissão irrevogável” de Paulo Portas pelo meio e o seu posterior recuo e “promoção” a vice-primeiro-ministro –, “ilustrou algumas tensões políticas existentes”. A OCDE considera que, “por agora, as tensões estão controladas”, mas o episódio “demonstrou que há uma possibilidade de riscos políticos no contexto actual", referiu o responsável à Lusa.

Também na terça-feira, o INE divulgou que o indicador de actividade económica aumentou em Setembro, atingindo o nível mais elevado desde Maio de 2011. Segundo a síntese económica de conjuntura do INE, o consumo privado e o investimento voltaram a recuperar em Setembro e o indicador de clima económico acentuou a tendência de recuperação registada desde o início do ano.

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As previsões económicas da OCDE divulgadas esta terça-feira apontam para uma taxa de desemprego de 16,7% este ano. Mas daí em diante, a expectativa é que baixe para 16,1% no próximo ano e para 15,8% no seguinte. Estes números são bem mais positivos do que os esperados pelo Governo, que apontam 2014 como o ano em que o país atingirá a mais elevada taxa de desemprego de sempre (17,7%), acima dos 17,4% esperados para 2013.

As previsões de Outono da OCDE são também mais optimistas do que as de Maio, altura em que a organização estimava uma taxa de desemprego de 18,2% em 2013 e de 18,6% em 2014.

A explicação para esta revisão em baixa está na evolução da taxa de desemprego nos dois últimos trimestres, que acabou por surpreender a organização. “O ritmo da contracção económica abrandou, reflectindo, principalmente, o reforço das exportações, e a confiança das empresas e dos consumidores está a aumentar. A taxa de desemprego está a cair há dois trimestres consecutivos, tendo atingido os 15,6% no terceiro trimestre de 2013, e é expectável que este declínio continue à medida que a economia recupere”, lê-se nas páginas dedicadas a Portugal.

Os dados do desemprego divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) no início de Novembro apontam para uma queda homóloga da taxa pela primeira vez em cinco anos e também para uma queda trimestral. Mas ao mesmo tempo, registam a destruição de 103 mil empregos em Portugal e uma diminuição em 135 mil pessoas da população activa. O total de desempregados registados nos centros de emprego também vem caindo, mas as novas inscrições em Setembro e Outubro foram das mais elevadas dos últimos 13 anos.

Economia recua
A OCDE antevê um recuo de 1,7% para a economia portuguesa este ano, uma melhoria face à contracção de 2,7% estimada nas perspectivas de Maio e muito próximo da estimativa de -1,8% do Governo. A organização melhorou também as suas perspectivas para 2014 e espera agora um crescimento de 0,4%, metade do previsto pelo executivo. Em 2015 os sinais de recuperação serão mais evidentes e as estimativas apontam para um crescimento de 1,1%, mais uma vez abaixo da previsão do Governo e da troika, que aponta para um crescimento de 1,5%.

Já em relação ao consumo privado, a OCDE espera um recuo de 2,3% em 2013 (o Governo, uma queda de 2,5%). E ao contrário das estimativas do Governo no Orçamento do Estado (OE) para 2014, que apontam para um recuperação de 0,1% no próximo ano, a OCDE antevê que o indicador se mantenha em terreno negativo (-0,6%) e só recupere em 2015.

O olhar da OCDE também é mais pessimista do que o do Governo no que toca à evolução do défice público, considerando que Portugal vai falhar as metas orçamentais acordadas com a troika neste ano e em 2014 e 2015, de 5,5%, 4% e 2,5%, respectivamente. Segundo a OCDE, o défice público deverá fixar-se em 2013 nos 5,7%, caindo para 4,6% e 3,6% nos dois anos seguintes.

Outro dos temas no radar da OCDE é um hipotético chumbo do Tribunal Constitucional (TC) a medidas do OE 2014. Em declarações telefónicas à Lusa, Jens Arnold, economista responsável pela análise da economia portuguesa, considerou que um novo chumbo do TC “iria seguramente tornar o caminho da consolidação orçamental mais difícil", podendo "levantar riscos de confiança [nos mercados]”, com impacto negativo nas taxas de juro. Outro risco prende-se com o cenário político.

Referindo-se à "turbulência política" do Verão passado, Jens Arnold frisou que são situações que não ajudam a “solidificar a confiança dos mercados”. A remodelação – que depois da saída de Vítor Gaspar das Finanças, levou à nomeação de Maria Luís Albuquerque, com um “pedido de demissão irrevogável” de Paulo Portas pelo meio e o seu posterior recuo e “promoção” a vice-primeiro-ministro –, “ilustrou algumas tensões políticas existentes”. A OCDE considera que, “por agora, as tensões estão controladas”, mas o episódio “demonstrou que há uma possibilidade de riscos políticos no contexto actual", referiu o responsável à Lusa.

Também na terça-feira, o INE divulgou que o indicador de actividade económica aumentou em Setembro, atingindo o nível mais elevado desde Maio de 2011. Segundo a síntese económica de conjuntura do INE, o consumo privado e o investimento voltaram a recuperar em Setembro e o indicador de clima económico acentuou a tendência de recuperação registada desde o início do ano.