Está a nascer uma Zona 30 em Alvalade mas os moradores de nada sabem
No Bairro das Estacas, junto à Avenida de Roma, em Lisboa, há troços de ruas cortados ao trânsito e máquinas a trabalhar. O objectivo é moderar a circulação.
No Bairro das Estacas, junto à Avenida de Roma, são vários os locais com obras em curso, mas não há em nenhum deles indicação quanto ao seu objectivo ou data de conclusão. Nos placards da Junta de Freguesia de Alvalade que existem nalgumas ruas também não há uma só linha sobre o assunto. O mesmo acontece na página da junta na Internet, que está aliás bastante desactualizada, não tendo sequer a composição do executivo saído das últimas eleições autárquicas.
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No Bairro das Estacas, junto à Avenida de Roma, são vários os locais com obras em curso, mas não há em nenhum deles indicação quanto ao seu objectivo ou data de conclusão. Nos placards da Junta de Freguesia de Alvalade que existem nalgumas ruas também não há uma só linha sobre o assunto. O mesmo acontece na página da junta na Internet, que está aliás bastante desactualizada, não tendo sequer a composição do executivo saído das últimas eleições autárquicas.
No Facebook o assunto é tema de discussão. Isso acontece por exemplo no grupo “Avenida de Roma”, que reúne quase cinco mil pessoas que vivem ou viveram nesta zona da cidade ou que a frequentam. Nesse grupo já foram publicados dezenas de comentários e várias fotografias a propósito destes trabalhos na via pública, que ninguém sabe ao certo o que são.
Em meados de Outubro, parte da Rua Conde de Sabugosa (nas traseiras do Centro Comercial Roma) foi cortada ao trânsito e durante vários dias houve máquinas a trabalhar no local. Será uma área para caixotes do lixo e ecopontos, perguntava alguém no Facebook? Ou um canteiro de flores, sugeria outra pessoa? Também havia quem dissesse que o objectivo era reparar estragos provocados pela chuva ou colocar uma lomba.
Agora que as vedações colocadas no local foram retiradas e esta artéria reabriu ao trânsito, o mistério continua. Certo é que os passeios nos quais desemboca a passadeira de peões existente em frente a um supermercado já não são os mesmos: a calçada à portuguesa foi substituída por um pavimento de cor cinzenta e diferentes texturas.
“Onde está a calçada? Quanto custou esta intervenção? Quem é o responsável pela obra?”, pergunta um membro do grupo “Avenida de Roma”. Várias das respostas à sua publicação no Facebook associam o que ali foi feito à intenção anunciada pelo presidente da Câmara de Lisboa de limitar o uso da calçada portuguesa às zonas históricas e de interesse turístico.
Um sinal proibido
Também na Avenida Teixeira de Pascoais e na Rua Antero de Figueiredo há trabalhos em curso. No final da primeira artéria surgiu um sinal de sentido proibido, que ninguém sabe se será provisório ou definitivo, e na segunda há um troço vedado em que a circulação está interdita.
Até há alguns dias, quem fizesse uma pesquisa na Internet com o objectivo de perceber que obras estão afinal a ser feitas no Bairro das Estacas encontrava uma referência a um “alerta de trânsito” publicado no site da Câmara de Lisboa, mas que se encontrava inacessível. Questionado sobre a situação, o Departamento de Marca e Comunicação informou que se tratava de um problema informático, que foi resolvido após esse contacto.
Assim sendo, desde o passado dia 6 de Novembro, os moradores de Alvalade passaram finalmente a ter algum tipo de informação sobre as obras que, de acordo com a autarquia, começaram a 8 de Outubro. Por exemplo que aquilo que está em curso é “a empreitada de ‘moderação da circulação / Zona 30 – bairro das Estacas’, e que esta tem um prazo de execução de 90 dias. Dados concretos sobre o que mudará na zona com esta obra não há.
Já na Junta de Freguesia de Alvalade, tudo o que os funcionários sabem dizer às várias pessoas que a eles se têm dirigido é que está a ser feita uma Zona 30. O PÚBLICO tentou, sem sucesso, falar com o presidente da junta para obter esclarecimentos.
Em Outubro, a Câmara de Lisboa inaugurou a Zona 30 do Bairro do Charquinho, em Benfica. Segundo a autarquia, os principais objectivos destas zonas, pensadas para áreas residenciais com actividade comercial e equipamentos escolares, são reduzir a velocidade de circulação, diminuir o tráfego de atravessamento, reduzir o número e a gravidade dos acidentes e a poluição sonora e ambiental.
Para alcançar esses objectivos, são introduzidas alterações no espaço urbano, incluindo a redução da largura das vias e a sua sobre-elevação nalguns locais, e o aumento do espaço reservado para os peões.