Número de cagarros salvos nos Açores duplicou
Campanha para salvamento de ave que nidifica nos Açores alargou-se à comunidade residente estrangeira e aos turistas.
A média de salvamentos de sete anos de registos é de 3350, o valor deste ano da campanha, que decorreu de 15 de Outubro a 15 de Novembro, é cerca do dobro, segundo os registos provisórios, fornecidos pela Secretaria Regional dos Recursos Naturais.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
A média de salvamentos de sete anos de registos é de 3350, o valor deste ano da campanha, que decorreu de 15 de Outubro a 15 de Novembro, é cerca do dobro, segundo os registos provisórios, fornecidos pela Secretaria Regional dos Recursos Naturais.
A este número, provavelmente, acrescem muitos outros salvamentos feitos por particulares que desconhecem que podem reportar online o salvamento, para que estes dados sejam contabilizados.
Os Açores acolhem todos os anos quase 200 mil casais de cagarros, que procuram as zonas costeiras das ilhas para se reproduzirem, um número que corresponde a mais de 60% da população mundial da espécie e a cerca de 75% da população mundial da subespécie Calonectris diomedea borealis.
A campanha quer envolver as pessoas e entidades no salvamento dos cagarros juvenis encontrados junto às estradas e na sua proximidade, alertando a população açoriana e visitantes para a preservação desta espécie protegida.
O Governo dos Açores coordena e dinamiza esta campanha, operacionalizada pelos Parques Naturais de Ilha, com o apoio da Azorina.
Os cagarros começam a reproduzir-se, em média, com oito ou nove anos de idade e fazem uma postura de apenas um ovo por ano, sem possibilidade de efectuar postura de substituição no caso de fracasso durante a incubação ou período de alimentação da cria.
Muitas aves morrem nos primeiros meses de vida vítimas de gatos e ratos, mas também atropelados nas estradas, onde caem depois de serem encadeados pela iluminação pública e pelos faróis das viaturas.
O período mais complicado ocorre entre 15 de Outubro e 15 de Novembro, altura em que as aves mais novas saem pela primeira vez dos ninhos e podem ficar desorientadas pelas luzes fortes, correndo o risco de cair em locais expostos e serem atropelados por carros. Os animais são recolhidos e colocados numa caixa de papelão, sendo depois libertados junto ao mar na manhã seguinte.
Este ano, como novidade, o SOS Cagarro apelou também à participação da comunidade estrangeira residente nos Açores e turistas, tendo sido divulgada informação sobre a iniciativa em inglês.
Segundo o secretário regional dos Recursos Naturais, Luís Neto Viveiros, pretendeu-se que a campanha "se assuma também como uma actividade participativa de ecoturismo, promovendo a sustentabilidade e promoção da região, através de acções de conservação ambiental", exemplificando o caso do Corvo, onde aderiram à campanha turistas birdwatchers e ornitólogos que nesta altura do ano visitam a mais pequena ilha açoriana.