Passeio dos Clérigos entrega jardim das oliveiras à Câmara do Porto
Rua comercial nascida de um projecto de reabilitação da antiga Praça de Lisboa é inaugurada oficialmente esta sexta-feira
Desde o ano passado que o Passeio dos Clérigos se foi enchendo de lojas. Primeiro chegaram os espaços de cafetaria e restauração, depois as lojas como a Paez, a Diesel ou a Hugo Boss. No topo do espaço, que começou por ser pensado como fechado, mas que acabou rasgado por um caminho a céu aberto que liga a Rua das Carmelitas à de S. Filipe Nery (ou a Livraria Lello à Torre dos Clérigos), ia nascendo também o jardim relvado, pontuado de oliveiras. Mas a abertura ao público tardava em chegar, sem que se percebesse muito bem porquê.
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Desde o ano passado que o Passeio dos Clérigos se foi enchendo de lojas. Primeiro chegaram os espaços de cafetaria e restauração, depois as lojas como a Paez, a Diesel ou a Hugo Boss. No topo do espaço, que começou por ser pensado como fechado, mas que acabou rasgado por um caminho a céu aberto que liga a Rua das Carmelitas à de S. Filipe Nery (ou a Livraria Lello à Torre dos Clérigos), ia nascendo também o jardim relvado, pontuado de oliveiras. Mas a abertura ao público tardava em chegar, sem que se percebesse muito bem porquê.
Maria Antónia Portocarrero, directora do Passeio dos Clérigos, explica agora o que aconteceu. “Só a 8 de Agosto é que ficou fechado com a câmara as responsabilidades que esta iria assumir com o jardim”, explica. E o que ficou acordado é que o município irá pagar a iluminação pública do jardim e os custos com a água destinada à rega. O complexo comercial assumirá tudo o resto – manutenção, limpeza, poda das árvores, qualquer arranjo que seja necessário.
Depois, foi preciso realizar uma série de acabamentos e concluir o acordo com a Tradições Ancestrais, que será responsável pelo quiosque instalado no jardim. “Só ficou tudo pronto na semana passada”, diz a directora do espaço.
Nesta sexta-feira, depois de recebido pelo presidente de câmara e benzido pelo padre Américo Aguiar, o jardim ficará aberto ao público, num horário que deverá ser equivalente aos das lojas que cobre. Ou seja, entre as 10h e as 20h, de quinta-feira a domingo, e entre as 10h e as 21h às sextas-feiras e sábados. “Poderá haver algumas alterações. Se o quiosque quiser abrir mais cedo, para servir pequenos-almoços, poderá fazê-lo. O café Costa também abre às 9h”, garante Maria Antónia Portocarrero.
O Natal à porta
Habituada a gerir centros comerciais (a nova directora do Passeio dos Clérigos foi também responsável pelo conceito Clérigos Shopping, que esteve instalado naquele mesmo local), Maria António Portocarrero diz que, para ela, “o Natal começa a 15 de Novembro” e é isso que irá acontecer também no espaço que agora é oficialmente inaugurado – ainda que ele não seja um shopping, mas um conjunto de “lojas de rua com uma gestão centralizada”, insiste.
Nesta sexta-feira serão inauguradas as “luzes de Natal” do local, mas o ponto alto do dia no que à época natalícia diz respeito, será a abertura da Fora d’espaço X-mas Time. O que quer dizer que a única loja do passeio que ainda não foi comercializada vai abrir com inquilinos e um conceito especiais, durante 40 dias.
A ideia nasceu no sofá da casa de Maria Antónia, da cabeça de três jovens – os seus dois filhos, Luís e Catarina, e uma amiga deles, a Joana -, que a desafiaram a abrir temporariamente a loja de 373 metros quadrados. O resultado final vai poder ser conhecido a partir desta sexta-feira – quatro lojas do Porto, uma de Lisboa e uma outra da Serra da Estrela, que se encontravam “em localizações um pouco escondidas” vão partilhar o espaço, mostrando-se ao público do Passeio dos Clérigos.
Até Janeiro, já não precisará de ir à Rua de Miguel Bombarda para comprar algo na Águas Furtadas ou na Rota do Chá (embora possa fazê-lo). Nem precisará de ir à Foz para ver as peças da The Yellow Boat ou da Artual. Muito menos precisará de ir à Covilhã adquirir os artigos em burel ou lã da Cool Natura ou a Lisboa para experimentar as novíssimas boinas ou cachecóis em cortiça da Cork & Co. Em conjunto, eles vão partilhar a loja grande do Passeio dos Clérigos. “É uma óptima oportunidade para nos aproximarmos de uma zona que felizmente foi reabilitada e está com um movimento muito interessante”, diz Rute Arnóbio, das Águas Furtadas.
Pedro Lucerna, da Cork & Co, assume que esta inauguração portuense será “um teste” à hipótese desejada de a loja abrir um espaço permanente na cidade. “O grosso do nosso mercado, em Lisboa, é claramente estrangeiro, na ordem dos 80 ou 90%. Sabemos que existe um aumento brutal de estrangeiros no Porto e um mercado nacional muito mais interessante do que o lisboeta, com outra apetência por coisas novas e de design e um poder aquisitivo superior ao de Lisboa”, diz.
O teste começa sexta-feira. Durante 40 dias a loja será partilhada pelos seis lojistas e pela Grape Ideas, que ocupará a parede traseira do espaço, com produtos da Sogrape – garrafas e caixas de vinho do Porto, copos de Siza Vieira, livros e chocolates ligados ao vinho. A “cereja no topo do bolo” de Maria António Portocarrero, que queria associar a o vinho do Porto à zona comercial.
Depois, o grande espaço comercial será dividido em dois e entregue a quem convencer o “comité de selecção de lojistas” da UrbaClérigos, a dona do passeio. Maria Antónia Portocarrero garante que o conceito está a correr tão bem que para estes dois novos espaços têm já lista de espera. Até lá, o Natal é quem manda e a Fora d'espaço X-mas Time vai ficar pelos Clérigos. Aos sábados e domingos, entre as 16h30 e 18h, a época também chega ao espaço sob a forma de música. O programa Cá Fora com Jazz vai levar isso mesmo - jazz - à artéria que atravessa o Passeio dos Clérigos e dar música a quem por lá andar.