BPI e BES dizem que testes de stress obrigam gestores a decidir com base em hipóteses teóricas

Ricardo Salgado afirma que os bancos portugueses vão começar a apresentar rendibilidades acima de 10% dentro de dois anos.

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"Sou altamente favorável aos exames da qualidade dos activos que temos no balanço. Agora, estes testes de stress são um jogo extraordinariamente perigoso", lançou o banqueiro, num evento em Lisboa promovido pela Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações (APDC).

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"Sou altamente favorável aos exames da qualidade dos activos que temos no balanço. Agora, estes testes de stress são um jogo extraordinariamente perigoso", lançou o banqueiro, num evento em Lisboa promovido pela Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações (APDC).

E reforçou: "Já se devia ter acabado com este jogo dos testes de stress. É um perigo estar a gerir organizações por causa de um jogo virtual que obriga os decisores a tomarem decisões com base numa coisa teórica."

De acordo com o presidente do BPI, este tipo de exercícios devia apenas "ser usado à porta fechada na relação entre reguladores e regulados".

Porém, "com este espectáculo, é extremamente perigoso, mas temo que os reguladores não tenham consciência", realçou.

De resto, o presidente do Banco Espírito Santo (BES), Ricardo Salgado, alinhou pelo mesmo diapasão, ainda que num tom mais moderado.

"O Dr. Fernando Ulrich tem toda a razão. São hipóteses teóricas", afirmou Salgado.

"Estamos a entrar numa fase de recuperação económica e esses testes ainda não têm isso em conta", assinalou.

O banqueiro defendeu ainda que a banca portuguesa deverá começar a apresentar rendibilidades acima de 10% dentro de dois anos.

"Penso que os bancos portugueses vão conseguir dar a volta e ter uma rendibilidade razoável. A partir de 2015 vamos voltar a ter os bancos portugueses com uma rendibilidade muito razoável. Acima de 10%. Até 15%, eventualmente", afirmou Salgado.

Desafiado a antecipar o futuro da banca, Salgado apontou para a possibilidade de as entidades optarem por uma maior "partilha" de alguns serviços.

"Acho que deve ser aprofundada a partilha entre os bancos, tal como acontece na SIBS [que gere a rede Multibanco]", disse Salgado, considerando também normal "externalizar mais serviços não essenciais".

E reforçou: "Podemos pensar em externalizar mais operações para uma plataforma como seja a da SIBS [cujo capital é partilhado por diversas instituições financeiras]."

Na opinião do banqueiro, "isso pode compensar a pequena dimensão da banca portuguesa face à banca europeia", além de poder ser "um factor que ajudará a reduzir os custos médios da banca".