Ajuda começa a chegar a Tacloban, mas as dificuldades de distribuição persistem

Aumenta o movimento para a região central das Filipinas devastada pelo tufão Haiyan. Pilhagens e motins continuam a dar conta do desespero das populações

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Seis dias depois da tempestade ainda há muitas populações à espera de ajuda Bobby Yip/Reuters

“É um desafio numa escala totalmente inesperada, nunca tivemos que fazer nada de semelhante em toda a história do país”, sublinhou esta quarta-feira o secretário de Estado René Almendras, lembrando que cerca de 11 milhões de filipinos foram afectados pela tempestade, que deixou cerca de 800 mil pessoas desalojadas.

“Quando olhamos para a dimensão da catástrofe, percebemos que era difícil fazer melhor”, considerou. “Para quem está de fora, é difícil de compreender a natureza deste país e a realidade no terreno. Mas acredito que as Filipinas serão capazes de demonstrar a sua resiliência”, declarou à BBC.

Seis dias depois da tempestade, o movimento para as províncias centrais do país – onde a devastação é quase total – começou finalmente a aumentar, com centenas de meios e equipas internacionais que esperavam luz verde para chegar à região. Até agora, os seus esforços foram travados pelo mau tempo, o corte das telecomunicações e a destruição das infra-estruturas.

O acesso marítimo a Tacloban foi restabelecido e, no aeroporto local, a chegada e a partida de aviões de carga militares foram constantes. Dezenas de helicópteros também puderam levantar para distribuir ajuda nas localidades mais remotas, que não dispõem de pistas de aterragem. Um hospital franco-belga foi montado junto ao aeroporto, o que permitiu tratar centenas de pessoas que até agora não dispunham de vacinas ou de medicamentos.

“Estamos a tratar de resolver o engarrafamento dos últimos dias. A ajuda está no país, em Manila ou em Cebu, é só uma questão de a fazer chegar a Tacloban. Esse é o desafio, porque as estradas continuam fechadas”, explicava Sebastian Rhodes Stampa, um dos membros da equipa de emergências das Nações Unidas, à Associated Press.

Pelo menos oito pessoas morreram esmagadas quando uma multidão desesperada se lançou ao assalto de um armazém governamental usado para guardar arroz em Alangalang, na província de Leyte – a correria provocou o colapso de um muro. Noutras localidades, como Palo e Jaro, verificaram-se motins e saques em armazéns e instalações industriais, com a população a levar mais de 100 mil sacos de arroz.

“As pilhagens não têm nada a ver com criminalidade, mas com a autopreservação”, explicou à Reuters um dirigente autárquico de Tacloban, John Lim. O porta-voz das forças especiais da Polícia Nacional, Carmelo Espina Valmoria, garantiu que as forças de segurança tinham assumido o controlo dos pontos estratégicos da cidade e estavam em condições de garantir a segurança da operação de distribuição da ajuda. No entanto, o recolher obrigatório durante a noite (a partir das 20h) mantém-se em vigor, e os episódios de violência, envolvendo tiroteios e facadas, continuam a repetir-se.

A informação oficial disponibilizada pelo Centro de Avaliação e Gestão de Emergências coloca o número de mortes em 2275 e confirma que 80 pessoas estão desaparecidas. Os hospitais já receberam 3665 feridos. Mas, segundo o congressista Martin Romualdez, da província de Leyte, o balanço final não deverá desviar-se muito das projecções que apontavam para 10 mil vítimas do tufão. “Quanto mais as operações de limpeza avançam, mais o número de mortos aumenta”, lamentou.

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“É um desafio numa escala totalmente inesperada, nunca tivemos que fazer nada de semelhante em toda a história do país”, sublinhou esta quarta-feira o secretário de Estado René Almendras, lembrando que cerca de 11 milhões de filipinos foram afectados pela tempestade, que deixou cerca de 800 mil pessoas desalojadas.

“Quando olhamos para a dimensão da catástrofe, percebemos que era difícil fazer melhor”, considerou. “Para quem está de fora, é difícil de compreender a natureza deste país e a realidade no terreno. Mas acredito que as Filipinas serão capazes de demonstrar a sua resiliência”, declarou à BBC.

Seis dias depois da tempestade, o movimento para as províncias centrais do país – onde a devastação é quase total – começou finalmente a aumentar, com centenas de meios e equipas internacionais que esperavam luz verde para chegar à região. Até agora, os seus esforços foram travados pelo mau tempo, o corte das telecomunicações e a destruição das infra-estruturas.

O acesso marítimo a Tacloban foi restabelecido e, no aeroporto local, a chegada e a partida de aviões de carga militares foram constantes. Dezenas de helicópteros também puderam levantar para distribuir ajuda nas localidades mais remotas, que não dispõem de pistas de aterragem. Um hospital franco-belga foi montado junto ao aeroporto, o que permitiu tratar centenas de pessoas que até agora não dispunham de vacinas ou de medicamentos.

“Estamos a tratar de resolver o engarrafamento dos últimos dias. A ajuda está no país, em Manila ou em Cebu, é só uma questão de a fazer chegar a Tacloban. Esse é o desafio, porque as estradas continuam fechadas”, explicava Sebastian Rhodes Stampa, um dos membros da equipa de emergências das Nações Unidas, à Associated Press.

Pelo menos oito pessoas morreram esmagadas quando uma multidão desesperada se lançou ao assalto de um armazém governamental usado para guardar arroz em Alangalang, na província de Leyte – a correria provocou o colapso de um muro. Noutras localidades, como Palo e Jaro, verificaram-se motins e saques em armazéns e instalações industriais, com a população a levar mais de 100 mil sacos de arroz.

“As pilhagens não têm nada a ver com criminalidade, mas com a autopreservação”, explicou à Reuters um dirigente autárquico de Tacloban, John Lim. O porta-voz das forças especiais da Polícia Nacional, Carmelo Espina Valmoria, garantiu que as forças de segurança tinham assumido o controlo dos pontos estratégicos da cidade e estavam em condições de garantir a segurança da operação de distribuição da ajuda. No entanto, o recolher obrigatório durante a noite (a partir das 20h) mantém-se em vigor, e os episódios de violência, envolvendo tiroteios e facadas, continuam a repetir-se.

A informação oficial disponibilizada pelo Centro de Avaliação e Gestão de Emergências coloca o número de mortes em 2275 e confirma que 80 pessoas estão desaparecidas. Os hospitais já receberam 3665 feridos. Mas, segundo o congressista Martin Romualdez, da província de Leyte, o balanço final não deverá desviar-se muito das projecções que apontavam para 10 mil vítimas do tufão. “Quanto mais as operações de limpeza avançam, mais o número de mortos aumenta”, lamentou.