Nazi que ninguém queria enterrar foi sepultado numa prisão
Local em Itália vai manter-se secreto, para evitar romarias de nostálgicos do III Reich.
“A campa onde Priebke foi sepultado está assinalada com uma cruz de madeira no cemitério da prisão”, escreve Ezio Mauro, director do jornal italiano num longo artigo. O La Repubblica não dá mais detalhes sobre o local onde se situa a prisão italiana para evitar que o túmulo de Priebke se transforme num destino de peregrinação para os nostálgicos do III Reich.
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“A campa onde Priebke foi sepultado está assinalada com uma cruz de madeira no cemitério da prisão”, escreve Ezio Mauro, director do jornal italiano num longo artigo. O La Repubblica não dá mais detalhes sobre o local onde se situa a prisão italiana para evitar que o túmulo de Priebke se transforme num destino de peregrinação para os nostálgicos do III Reich.
Ali, naquele local secreto, “o cadáver de Priebke não é mais do que um simples cadáver, e não um símbolo nazi”, acrescenta o texto de Mauro. A cruz de madeira apenas tem inscrito um número, não tem nome nem datas.
Priebke, que morreu no dia 11 de Outubro, em Roma, aos 100 anos, fora condenado em 1998 a prisão perpétua, pelo seu papel no massacre das catacumbas Ardeatinas (1944), perto de Roma, quando 335 civis italianos foram assassinados numa retaliação pela morte, na véspera, de 33 soldados alemães por combatentes da resistência italiana. Cumpria a pena em prisão domiciliária na capital italiana.
O seu funeral criou uma enorme polémica, e nenhuma comuna, nem em Itália, nem na Alemanha – o seu país de nascimento –, nem na Argentina, onde viveu mais de 40 anos depois do fim da Segunda Guerra Mundial, aceitou receber os seus restos mortais.
Uma cerimónia religiosa organizada num seminário da fraternidade integrista de São Pio X em Albano Laziale, perto de Roma, foi marcada por incidentes envolvendo manifestantes, e acabou por ser suspensa.
Desde então, o caixão do antigo oficial nazi foi guardado num aeroporto militar perto de Roma, de onde saiu às 3h45 da manhã de um domingo no fim de Outubro, numa carrinha cinzenta, em direcção ao seu destino final, escreve o La Repubblica.
“Escoltado na auto-estrada por motorizadas”, o caixão mudou várias vezes de veículo antes de ser conduzido “para uma zona montanhosa”, conta o jornal.