Portugal na cauda da Europa no que diz respeito à participação cultural

Portugueses entre os que participam menos nas actividades culturais, a par de países como a Grécia, a Roménia e a Bulgária.

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Em Portugal são muito poucos os que vão, por exemplo, ao teatro Miguel Manso

De uma forma geral, os dados deste inquérito, o primeiro sobre o assunto desde 2007, mostram que o que se passa em Portugal acontece em traços gerais na Europa. Ou seja, a tendência mostra que os europeus se interessam cada vez menos pela cultura, verificando-se uma diminuição na participação em actividades culturais. Existem, no entanto, algumas diferenças significativas, como é o caso da Suécia (43%), da Dinamarca (36%) e dos Países Baixos (34%), onde os cidadãos descrevem a sua taxa de participação como elevada ou muito elevada.

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De uma forma geral, os dados deste inquérito, o primeiro sobre o assunto desde 2007, mostram que o que se passa em Portugal acontece em traços gerais na Europa. Ou seja, a tendência mostra que os europeus se interessam cada vez menos pela cultura, verificando-se uma diminuição na participação em actividades culturais. Existem, no entanto, algumas diferenças significativas, como é o caso da Suécia (43%), da Dinamarca (36%) e dos Países Baixos (34%), onde os cidadãos descrevem a sua taxa de participação como elevada ou muito elevada.

Portugal é, com o Chipre, um dos países do fim da tabela, com apenas 6% da população (menos seis pontos percentuais que em 2007) a registar uma participação elevada ou muito elevada, apenas ultrapassados pela Grécia, onde 5% dos cidadãos diz ter uma actividade cultural frequente.

Segundo este relatório, no ano passado apenas 38% dos cidadãos da União Europeia realizaram alguma actividade cultural. Ainda assim o cinema é uma das áreas menos afectadas, com uma percentagem muito próxima da de 2007 (apenas mais um ponto percentual agora). Mas no que a Portugal se refere, que tem vindo a sofrer uma grande quebra nas bilheteiras, o estudo revela que mais de 70% dos cidadãos não foram uma única vez ao cinema nos últimos 12 meses – uma diferença quatro pontos percentuais quando comparado com os dados de 2007. Dados iguais à Roménia e à Bulgária.

Já o ballet, a dança e a ópera mantêm-se com uma adesão igual, sendo apontados, no entanto, como as escolhas menos habituais entre os cidadãos europeus (apenas 18% no último ano). Mas se em traços gerais, na Europa estes dados se mantêm, em Portugal sofrem uma redução de um ponto percentual em relação ao último inquérito, sendo que apenas 8% dos cidadãos foram a um espectáculo destas áreas no último ano.

O inquérito indica que assistir/ouvir programas na televisão/rádio são as actividades culturais mais comuns na União Europeia (72% pelo menos uma vez nos últimos 12 meses), seguindo-se depois a leitura de um livro com 68%. E aqui mais uma vez os países nórdicos em destaque: na Suécia 90% dos cidadãos leram um livro no ano passado, na Dinamarca a taxa é de 82%. Em Portugal esta taxa é de 40% (menos dez pontos percentuais), sendo que a maioria apresenta como justificação para não ler, a falta de interesse.

No que diz respeito a este ponto – à leitura de um livro –, o relatório aponta que os resultados são “fortemente” influenciados pelo nível de escolaridade, assim como, por exemplo, a idade se reflectiu como um factor determinante naqueles que vêem mais televisão ou ouvem rádio (são os mais velhos quem vê ou ouve mais televisão e rádio).

As idas ao teatro também não fazem parte dos planos da maioria dos português, uma vez que 87% dos cidadãos diz não ter ido ao teatro no último ano – uma quebra de seis pontos percentuais. Nas visitas a monumentos históricos e a museus e galerias Portugal também surge no fundo da lista – apenas 30% (menos oito pontos percentuais) visitaram monumentos e 17% (menos sete pontos percentuais) foram a museus e galerias.

Também a participação nos concertos sofreu uma queda, quando se comparam os dados com o inquérito de 2007. No geral a participação europeia nesta actividade é de 35% (menos dois pontos percentuais que 2007), enquanto em Portugal é de 19% (menos quatro pontos percentuais). De acordo com os inquiridos, 25% alegou não ir a concertos por questões económicas (Portugal 35%), sendo que a falta de interesse foi a justificação de 29% (Portugal 40%).

As visitas a bibliotecas públicas também não são comuns em Portugal, como referem os dados. Em Portugal, apenas 15% dos cidadãos visitaram uma biblioteca no ano passado, registando-se uma quebra de nove pontos percentuais. Na Europa, a média é de 31%, também se verificando uma queda comparativamente com 2007, neste caso de quatro pontos percentuais.

Este inquérito, para o qual foram entrevistadas cerca de 27.563 pessoas no espaço europeu (1015 em Portugal), coincide com a abertura do Fórum Europeu de Cultura, em Bruxelas, que reúne cerca de 1200 agentes culturais e responsáveis políticos, nas vésperas de ser adoptado o novo programa “Europa Criativa”, da Comissão Europeia.

O estudo completo pode ser consultado aqui.