O lado para o qual um cão abana a cauda faz toda a diferença… para os outros cães

Os cães transmitem o seu estado emocional abanando a cauda. E os seus congéneres sabem interpretar os sinais.

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Abanar a cauda para a direita ou para a esquerda não quer dizer a mesma coisa Manuel Roberto

Giorgio Vallortigara, da Universidade de Trento (Itália), e colegas já tinham mostrado, num estudo anterior, que os cães abanam a cauda mais para a direita quando sentem emoções positivas (por exemplo, ao verem o seu dono) e mais para a esquerda quando sentem emoções negativas (por exemplo, na presença de um cão agressivo).

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Giorgio Vallortigara, da Universidade de Trento (Itália), e colegas já tinham mostrado, num estudo anterior, que os cães abanam a cauda mais para a direita quando sentem emoções positivas (por exemplo, ao verem o seu dono) e mais para a esquerda quando sentem emoções negativas (por exemplo, na presença de um cão agressivo).

Os cientistas tinham ainda concluído que este comportamento reflecte o que está a acontecer no cérebro dos animais, com a activação do hemisfério direito associada ao facto de abanar a cauda preferencialmente para a esquerda – e a estados emocionais negativos – e a activação do hemisfério esquerdo associada ao abanar da cauda preferencialmente para a direita e a estados emocionais positivos.

Os cientistas quiseram agora saber se essas diferenças emocionais reflectidas nos movimentos da cauda teriam algum efeito sobre os outros cães. Para isso, monitorizaram as reacções de uma série de cães, enquanto estes viam filmes de cães a abanar a cauda mais para um lado ou mais para o outro (sendo a direita e a esquerda definidas na perspectiva do cão que abana a cauda).

Constataram então que, efectivamente, quando um cão via um outro cão a abanar a cauda mais para a esquerda, o seu ritmo cardíaco aumentava e o animal dava mostras de stress e de ansiedade. Pelo contrário, quando o cão filmado abanava a cauda mais para a direita, o cão espectador permanecia totalmente calmo e descontraído.

Vallortigara, citado num comunicado da Current Biology, considera o resultado “espantoso”. Mas não acha que os cães estejam intencionalmente a comunicar as suas emoções aos outros cães. Na sua opinião, trata-se antes de um subproduto automático da activação dos hemisférios cerebrais.

Contudo, isso não significa que a descoberta seja desprovida de aplicações práticas. “Esta diferença entre a esquerda e a direita poderia, por exemplo, ser explorada pelos veterinários para suscitar, com a ajuda de bonecos, uma reacção positiva por parte dos animais que estão a ser tratados”, salienta Vallortigara.