Nuno Moura, o português que define o marketing da Nike
Nuno Moura já deu o pontapé de saída da Nike para o Mundial. É ele o responsável pela estratégia de marketing digital da Nike para o Mundial de Futebol
Diz que "consome partidas de futebol como um universitário consome minis", ou não fosse português; por outro lado, aos 32 anos já conta com mais de uma década de trabalho na indústria de comunicação e marketing. Para Nuno Moura, 2014 já começou — é o responsável pela estratégia de marketing digital da Nike para o Mundial de Futebol.
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Diz que "consome partidas de futebol como um universitário consome minis", ou não fosse português; por outro lado, aos 32 anos já conta com mais de uma década de trabalho na indústria de comunicação e marketing. Para Nuno Moura, 2014 já começou — é o responsável pela estratégia de marketing digital da Nike para o Mundial de Futebol.
A viver em Portland, nos EUA, onde se localiza a sede da Nike, o jovem marketeer especializado em digital passa os dias numa correria, com ou sem chuteiras. "Ora na sede, ora em filmagens, ora num qualquer aeroporto partindo para mais um destino", conta, numa entrevista por e-mail ao P3. "Não é", diz, "a vida invejável que muitos imaginam", mas é a vida que escolheu ou que o escolheu. "É algo que a mim me dá enorme prazer. Marketing, desporto, atletas de elite, viagens, uma amálgama de culturas, colegas e amigos em cada capital."
Projecto a projecto, Nuno está agora a dar os últimos toques nas campanhas para o Mundial 2014 e em todas as iniciativas que rodeiam o "super evento". Na semana passada, por exemplo, saiu o primeiro episódio da série "Whatever It Takes", que está agora a produzir. Mais se seguirão, até porque isto já começou há muito tempo. "O primeiro dia de preparação começou no apito final do Europeu (...). Se olharmos o horizonte mais longínquo, observamos que a preparação para os Jogos Olímpicos de 2016 já arrancou."
Da MTV para a Nike
O mundo dele é a web, as redes sociais, os suportes digitais. Antes dos EUA, passou pelo Reino Unido, onde trabalhou durante seis anos, primeiro na MTV, uma "casa-chave" para se especializar no consumidor jovem, depois em algumas agências de marketing, em que liderou projectos para marcas como a Coca-Cola, Fiat, Alfa Romeo, Pantene, Head 'n Shoulders, T-Mobile. Foi em Londres que, numa "operação relâmpago", foi recrutado por um "head-hunter" para a Nike. A cidade é Londres, o tempo é inícios de 2010, e Nuno entra assim num universo em que dá de caras com as suas grandes paixões: o desporto ("Levo uma vida inteira dedicada ao desporto de alta competição nas modalidades de andebol e rugby") e o marketing. Até cruzar o oceano, trabalhou no lançamento de novos produtos, incluindo as colecções com assinatura de Cristiano Ronaldo, e na concepção das campanhas digitais para o Europeu de 2012. A assinatura dele está, por exemplo, na titânica invasão de campo "My Time Is Now" e "The Chance", ambas galardoadas no Festival de Publicidade de Cannes Lions.
"The Chance", aliás, marcou-o "profundamente". Por terem conseguido "mudar a vida de múltiplos jovens": "Fomos à procura de jovens futebolistas amadores com o sonho de um dia se tornarem profissionais. Providenciamos a oportunidade a 75.000 em 42 países diferentes de serem vistos por treinadores e clubes." Alguns, "conseguiram mesmo atingir o sonho de uma vida"; pelo menos três "farão provavelmente parte do próximo Mundial 2014, o que é uma verdadeira história da Cinderela". Fala do australiano Tom Rogic, do Celtic, e de Abdul Waris e David Accam, do Gana. "Estes momentos valem tudo."
Dos vários projectos em que se envolveu até hoje, destaca mais dois: a campanha de lançamento das chuteiras Hypervenom, a "melhor pré-venda até à data", em que chega mesmo a contracenar com Neymar num dos vídeos; e "My Ground", uma peça "super pessoal" com Andrés Iniesta, integrado no lançamento de uma nova colecção para futsal.
O masoquismo de querer regressar
Quando pode, entre viagens, pára "em casa"", o Porto. O futebol, e o Futebol Clube do Porto (FCP) em particular, estão-lhe no sangue. Mesmo. "O meu pai foi atleta profissional. Actuou na liga principal do futebol português e desde cedo despertou em mim o gosto por este desporto que é rei." Por isso, vibra com os jogos dos portugueses. "Quando se vive fora não há sensação igual à de ver as nossas equipas actuarem no país onde se está emigrado.. é indescritível." A contagem para o Mundial já começou e Nuno está optimista que a "garra lusa vai prevalecer".
Na área da publicidade, uns quantos nomes portugueses têm saltado para as páginas dos jornais. De Hugo Veiga a José Cabaço, também da Nike. Portugal é uma boa escola, mas não uma boa casa? Por que razão não segura estes cérebros? "Talvez pela mesma razão que Portugal não consegue segurar o Cristiano Ronaldo e Mourinho... (risos)." Há "gente muito talentosa e criativa no campo da publicidade", mas é uma "área bastante fechada e de oportunidades limitadas". O problema, diz Nuno, é que se "no passado alguns profissionais procuravam progredir a sua carreira" noutros mercados globais, agora a "emigração é forçada, fruto da falta de emprego e más condições para quem opera na área".
Ainda assim, e até pode ser "masoquista", quer "certamente" regressar. "Portugal não é apenas crise, não são apenas 'coitadinhos'. Temos jovens e valorosos empreendedores e projectos extremamente inovadores e atractivos a acontecer que auguram a escala global."