Líder da Gestapo foi enterrado num cemitério judeu
Heinrich Müller foi dado como desaparecido em 1945, mas não se sabia onde tinha sido sepultado.
"Gestapo Müller", como era conhecido entre a elite nazi, tinha sido visto pela última vez a 26 de Abril de 1945, enquanto dirigia o interrogatório e a posterior execução de Hermann Fegelein, general da SS (a tropa nazi), cunhado de Eva Braun, a companheira de Hitler. Quando percebeu que a Alemanha tinha perdido a guerra, Fegelein tentou fugir com a amante para a Suécia, mas foi capturado, torturado e fuzilado, sob ordens de Hitler.
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"Gestapo Müller", como era conhecido entre a elite nazi, tinha sido visto pela última vez a 26 de Abril de 1945, enquanto dirigia o interrogatório e a posterior execução de Hermann Fegelein, general da SS (a tropa nazi), cunhado de Eva Braun, a companheira de Hitler. Quando percebeu que a Alemanha tinha perdido a guerra, Fegelein tentou fugir com a amante para a Suécia, mas foi capturado, torturado e fuzilado, sob ordens de Hitler.
Depois deste último serviço, Müller desapareceu e foi dado como morto em Maio de 1945. No entanto, verificou-se que o corpo não estava no túmulo que lhe fora reservado no cemitério do bairro de NeuKölln. Surgiram rumores, nunca confirmados, de que teria sido capturado pela CIA em 1947. Os serviços secretos israelitas foram mesmo procurá-lo na Argentina nos anos 1970, em vão.
Agora, o professor Johannes Tuchel, director do Museu em Memória da Resistência Alemã, resolveu o mistério. Segundo este historiador, citado pelo jornal Bild, o líder da Gestapo foi enterrado em 1945 numa vala comum num cemitério judeu, o último local onde o corpo seria procurado.
Durante a sua investigação, Tuchel consultou os arquivos oficiais de todos os distritos de Berlim à procura do nome do oficial, até encontrar um documento do registo civil de Mitte que revela que Müller foi enterrado no cemitério judeu daquele bairro de Berlim. Terá sido um enterro provisório, uma vez que a cidade estava arruinada após os bombardeamentos soviéticos, o que impedia o funcionamento normal dos cemitérios. Porém, acabou por cair no esquecimento.
Segundo a agência espanhola Efe, Tuchel desvendou que o corpo do oficial nazi foi encontrado pelos Aliados e identificado em Agosto de 1945 num túmulo provisório, perto do Ministério da Aviação do Reich. A identificação foi possível porque Müller ainda usava o uniforme de general e tinha no bolso a folha de serviços. Por motivos ainda desconhecidos, foi depois levado para uma vala comum do cemitério judeu de Mitte.
Dieter Graumann, presidente do Conselho Central dos Judeus de Berlim, declarou ao Bild que "o facto de um dos sádicos nazis mais violentos estar enterrado num cemitério judeu é uma monstruosidade e atenta contra a memória das vítimas, grosseiramente pisada”.
Fotografia alterada às 16h24